Nordeste Transmontano

Menos azeite pode aumentar os preços no consumidor final

Publicado por Glória Lopes em Qua, 2017-12-06 16:12

Tudo indica que a quebra da produção de azeitona vai levar a uma subida dos preços do azeite ao consumidor final no próximo ano. O aumento previsível, a ser efetivo, será muito ligeiro, segundo os olivicultores da região que não esperam que os preços disparem de modo a compensar as perdas que enfrentam na campanha de 2017, que em muitos olivais transmontanos ultrapassa os 40 e os 60% % face ao ano passado. Ainda que dados oficiais de associações indiquem que a diminuição da produção de azeite pode ser inferior à prevista e não ultrapassar os 30%, porque a azeitona pode render bem (2%) em lagar.

Nesta altura, os preços estão estabilizados em 4.50 euros/litro nas vendas a granel, revela o Portal Agro Info. É o mercado espanhol que acaba por regular o preço do azeite por ser um dos principais países produtores.
Este ano alguns espanhóis têm vindo à região da Terra Quente comprar azeitona e estão a pagá-la a preços superiores ao ano passado. “Sei de um caso em que compraram 300 toneladas e pagaram a azeitona a produtores aqui de Mirandela a 60 cêntimos o quilograma, quando no ano passado a tinham pago entre os 38 e os 42 cêntimos”, referiu Emanuel Batista, técnico da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD).

Os produtores também não vêem com agrado uma elevada subida do preço do azeite pela possibilidade de poder afastar os consumidores com menos poder de compra desse produto, por falta de capacidade económica, passando a consumir outras gorduras mais baratas e de qualidade inferior, sucedâneas ou com misturas de óleo. “Alguns desses consumidores depois não voltam ao mercado do azeite e acabamos por perder”, vaticinou Emanuel Batista.

Artur Aragão, produtor de azeite em Alfândega da Fé, faz as suas previsões em baixa, apontando um redução de cerca de 50% da produção de azeitona face à campanha 2016/2017. “Normalmente quando a quantidade de um produto baixa o preço sobe, porém no caso do azeite nem sempre é assim. Se o preço subir para mais de quatro euros/litro o consumo cairá a pique porque o consumidor vai migrar para outros óleos”, observa o produtor.

Apenas os nichos de mercado, como o gourmet e o biológico, aguentam as subidas de preços. São segmentos onde  “normalmente não há flutuações significativas”, acrescentou Artur Aragão. São também os azeites para lojas de especialidade os mais exportados na região, pelo que as exportações não serão afetadas com a quebra da produção.

Já na campanha anterior não foi um bom ano de azeite

Segundo os resultados do Inquérito aos Lagares de Azeite na Campanha 2016-2017 divulgado pelo Agro Info, a campanha já não foi famosa. Um amostra de 158 lagares de norte a sul do país, que representaram 90% da produção total nacional nas últimas campanhas, estimam que, na campanha no ano passado, a produção nacional de azeite tenha sido de 75,2 mil toneladas.
Este volume de produção traduz um decréscimo de 31% em relação à produção da campanha 2015-2016 (109,1 mil toneladas), que tinha sido a mais elevada das últimas 100 campanhas, mas apenas uma diminuição de 2 % relativamente à produção média das últimas seis campanhas (76,7 mil toneladas).

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