A opinião de ...

Joaninha voa, voa…

Depressa as meninas e os meninos aprendiam a lengalenga cantada quando uma Joaninha pousava nas costas das mãos provocando exclamações e…o insecto repleto de pintinhas pretas nas asas as levantava e…levava a intonação feita carta a Lisboa. Não sei se nas cidades ainda aparecem Joaninhas, nas aldeias voarão nos dias luminosos. Guardo imagens de muitas joaninhas a alegrarem os ócios dos mais pequenos, a ajudarem-me a namorar debaixo das árvores do Jardim António José de Almeida, sentado nos bancos pintados de vermelho estacionados junto ao coreto que nos dias nomeados acolhia a banda do Patronato a tocar peças do seu reportório.
Nesta crónica não me alongo a discorrer sobre joaninhas nos tempos ido, escrevo sim acerca de Joana Marques Vidal procuradora-geral da República ora na berra porque os fazedores e comentadores de notícias escorregaram na casca de banana dando como plenamente adquirida a renovação do mandato da Senhora, não levando a sério a «ingénua» confissão sobre o tema da Ministra da Justiça nos alvores do ano em curso. Na altura escrevi estar de saída a Senhora Dra. Joana o que me custou ouvir e ler reprimendas daqueles rapazes bebedores do fino sempre «muito bem informados».
O tempo correu, a substituição ou não de Joana Marques Vidal transformou-se num rotundo romance ou telenovela do – fica e tem de ficar –, distinguindo-se nesse ponto o actor Marques Mendes e a actriz Assunção Cristas, levando deputados do PSD a criticarem Rio por este assinalar os detestáveis rombos no segredo de justiça e o destrutivo e pachorrento andar quando não desandar dos processos.
A furibunda defesa de JMV por parte de Marques Mendes dava a entender ser concebida dentro da sua esfera de Conselheiro de Estado, logo escorada no apoio de Marcelo, a loquaz propaganda de Cristas no mesmo sentido atenazava a geringonça, por isso a revalidação de Joana era, como se costuma dizer: trigo limpo, farinha Amparo. O jornalista João Miguel Tavares terá de tomar a farinha apesar de estar azeda.
Pessoalmente nunca por nunca conferi grandes méritos JMV, sendo rainha de Inglaterra (dixit Pinto Monteiro) nunca conseguiu dissipar o clima de roda livre no respeito pelos prazos, há mais de dois anos três secretário de Estado entraram na jiga dos arguidos por terem acolhido oportuna uma boleia da Galp, dois anos passaram e…continuam no mesmo estado de levitação.
Partilho da opinião de Rui Rio, se era para ser personalidade do MP não valia a pena mudar, sendo desejável a mudança a escolhia-se eminente e rigoroso jurista, charamelas e tubas sempre iriam protestar, os sopros verificam-se, por isso mesmo enfrentavam-se do mesmo modo que se estão a suster nesta altura.
O Expresso averbou um aplastante desaire, as fontes afogaram-se no erro, o Observador até noticiou uma inexistente reunião entre Marcelo e Joana, esqueceram-se ou menosprezaram a argúcia do Presidente e do primeiro-ministro no soprar consoantes reservando as vogais para eles. Tão confiados estavam nas ditas fontes que nem se deram ao trabalho de verificar a qualidade da água servida. Os senhores Ricardo Costa e José Manuel Fernandes podem pintar a cara de amarelo limão azedo. E ainda falamos dos jornais regionais!
A Joaninha não entregou as cartas em Lisboa, será substituída em breve, da substituta esperamos isenção, firmeza, bom senso e superior recorte técnico. Adeus Joaninha!

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