A opinião de ...

Formação Desportiva Regional

O Executivo Camarário não é eleito pela sua preferência clubística e ela não deve condicionar o exercício do mandato autárquico. Quer o Presidente quer os Vereadores terão, seguramente, as suas opções e não é suposto que delas abdiquem nem tão pouco que as escondam ou omitam no exercício dos seus mandatos. Por regra, nos municípios mais pequenos, há uma dupla afiliação, repartida por um clube, dos chamados grandes, com projeção nacional e pelo clube da terra que não deixa de pesar nos raros casos de confrontos diretos.
A título pessoal, cada um assume as simpatias que entender e manifesta-as da forma que lhe aprouver. Enquanto autarcas é seu dever promover e apoiar as formações locais, por várias razões:
1 – Os grandes clubes não são, nem têm que ser, entidades beneméritas. Ao estabelecerem-se em localidades diversas das suas sedes vão à procura de obter, com a sua atividade, benefícios próprios, financeiros e desportivos. Procuram o lucro, com a sua atividade e, se por acaso descobrem algum talento, tratam de o retirar. Seguramente que levam muito mais que o que trazem, mesmo que pretendam fazer crer o contrário.
2 – Mesmo que, de quando em vez, possa surgir numa dessas escolas alguma carreira de sucesso, nada garante que, de outra maneira não acontecesse de forma igual, como, aliás, o passado tem demonstrado.
3 – Finalmente e, muito mais importante, por uma questão de coesão. Uma das funções do poder autárquico é a promoção da união e da reunião à volta do que é comum e unânime. Para dar substrato ao refrão de dividir para reinar são suficientes as várias tricas políticas e partidárias. Ora, na realidade, enquanto que os grandes clubes, independentemente da penetração e apoio, são sempre um fator de divisão, ao contrário as coletividades desportivas da terra obtêm, se não um consenso absoluto, uma enorme simpatia generalizada. A prova da enorme concordância que estas atividades promovem e estabelecem, se outra não houvesse, chega de um clube regional onde a concórdia é tal que até o que, normalmente divide os adeptos do mesmo clube, o treinador e as suas opções, ali recolhe o assentimento e aquiescência do todos. Que clube nacional ou mesmo internacional tem no seu histórico o mesmo técnico por três décadas consecutivas? Nem Alex Ferguson, que esteve vinte e sete anos aos comandos do Manchester United, conseguiu igualar o tempo em que Sílvio Carvalho se sentou no banco do GDM, sendo bom não esquecer que este último, ao treinar a equipa sénior tratou igualmente da formação das camadas jovens. Os muitos sucessos obtidos para a nossa terra só aumentam o crédito junto dos moncorvenses e cujo reconhecimento público tarda em assumir a justa dimensão, mesmo levando em boa conta a legítima atribuição do seu nome à Super Taça da Associação de Futebol de Bragança. As notícias que me chegam da situação dramática do GDM aumentam a minha tristeza e frustração vendo o apoio municipal entregue a projetos patrocinados por outras entidades, provavelmente com qualidade, mas distantes e, naturalmente, com objetivos e resultados bem menos alinhados com o verdadeiro interesse público municipal.

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3702

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