A opinião de ...

Defender a Língua Portuguesa

Aproxima-se o dia do Festival Eurovisão da Canção 2018, desta vez merecidamente em Portugal.
Como é sobejamente sabido, no dia 13 de maio do ano passado, no Festival da Eurovisão, em Kiev, o representante da Televisão Portuguesa, Salvador Sobral, cantou e defendeu a sua canção da forma mais natural e simples do que alguma vez o nosso ou outro país participante imaginaria fazê-lo.
Sorridente e aparentemente à vontade, sem os aparatos caraterísticos deste festival, o intérprete, à medida que a cantava, como que a envolvia e abraçava; e ficou-me a ideia de que, deste modo, lhe oferecia, os seus cuidados e a sua mão para desviá-la de todos os obstáculos que viesse a ter de enfrentar. Para mim, foi um oásis naquele tão deslumbrante espetáculo em que não faltou o brilho e a cor.
Pela beleza da canção, a singularidade e a originalidade com que se apresentou, parecendo como que alheado do que se passava à sua volta, Salvador Sobral surpreendeu a plateia e surpreendeu quem o acompanhou pela televisão. Tanto assim que não faltaram a felicitá-lo grandes nomes do mundo artístico, considerando que “Amar pelos dois” mais a compositora e o intérprete, formaram uma feliz combinação para que tudo convergisse para o êxito.
Cantada em Português, tem corrido mundo - logo acolhida e cantada, até mesmo por quem não percebeu nada da letra, a tentar articular as palavras em que foi apresentada.
Assim, “Amar pelos dois”, original de Luísa Sobral, de tal maneira incendiou e cativou o público e o júri, que acabou por ser a ganhadora incontestável do Festival - o que nunca tinha acontecido às representações portuguesas.
Foi por este motivo que, à chegada ao aeroporto Humberto Delgado, compositora e intérprete tiveram a receção de centenas de admiradores que lhes manifestaram o seu carinho e solidariedade, assim como vários jornalistas a quem deram uma memorável conferência de imprensa.
São acontecimentos como este que contribuem para a dignificação da nossa Língua, a qual é necessário conhecer bem, respeitar e divulgar com coragem e brio, sem constrangimentos, para que outras gentes a conheçam e igualmente a respeitem como a quinta mais falada em todo o mundo. Ela, que para todo o mundo foi levada pelos nossos navegadores, descobridores, missionários, mercadores, exploradores, aventureiros, artistas e pelos emigrantes espalhados pelos cinco continentes, é bem um fator de união de muitos milhões que a falam, a estudam, a cantam e a levam a ser um veículo da nossa cultura.
É por isso que nunca é demais lembrar que o respeito que nos merece implica saber como se fala e escreve; e utilizá-la quando pode exprimir o mesmo que é dito noutra Língua, evitando assim os estrangeirismos – o que nem sempre acontece.
Para isso seria excelente criar o gosto pela leitura dos nossos autores, reservando-lhe uma parte do tempo de que dispomos e da atenção que merece.
Gil Vicente, Camões, Vieira, Garrett, Herculano, Camilo, Eça, Pessoa, Torga e Saramago, exemplos dos mestres da Língua Portuguesa, – grandes entre os grandes – pelo seu discurso e vernaculidade, apontam-nos muito bem o caminho que devemos seguir no conhecimento da nossa Língua para que possamos saboreá-la, entendê-la e pô-la em prática

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