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Março marçagão, manhã de inverno e tarde de verão

Amanhã chega a primavera meteorológica! Mas a primavera não chega apenas no dia 21 de março? No calendário civil e astronómico sim, mas em meteorologia o calendário é outro, as estações do ano chegam sempre no primeiro dia do mês correspondente, ou seja, o inverno começa a 1 de dezembro, a primavera a 1 de março, o verão a 1 de Junho e o outono a 1 de Setembro.
O inverno que agora vai embora, deixa algum amargo de boca, pois infelizmente tivemos pouco de inverno nos últimos três meses. Podem contar-se pelos dedos de uma mão os dias que fizeram jus à estação que foi marcada pela persistência do bloqueio anticiclónico, e pela ausência de precipitação. As consequências já são visíveis, toda a região se encontra em situação de seca meteorológica, o que preocupa especialmente o meio rural e quem faz da lavoura o seu meio de subsistência.
Nos próximos dias o panorama não irá mudar em demasia, pelo menos até ao fim-de-semana. Voltaremos a ter o domínio das altas pressões, afastando a chuva para outras latitudes. Possivelmente a partir de domingo o panorama se altere ligeiramente, os modelos começam a ver um ligeiro enfraquecimento do anticiclone, recuando para a região a sul dos Açores e abrindo caminho à aproximação de algumas frentes e linhas de instabilidade atlânticas para o noroeste peninsular. Não se trata de grandes acumulações nem da quantidade de chuva que precisamos, mas espero que seja apenas o início de algum movimento atmosférico face ao pântano anticiclónico dos últimos meses.
Até ao fim-de-semana as temperaturas voltarão a estar ligeiramente acima da média, em especial as máximas, variando entre os 15 a 16ºC em Bragança e Macedo de Cavaleiros, 18 a 19ºC em Mirandela, 16ºC em Miranda do Douro e entre os 15 a 17ºC em Freixo de Espada à Cinta. Mas até domingo as temperaturas vão baixar significativamente. As mínimas estarão em linha com o normal para a época, as noites e madrugadas vão continuar frescas, com neblinas e nevoeiros matinais e geadas nos locais mais abrigados.
A situação de seca não sendo para já alarmante, deve preocupar-nos. Se não chover em breve, desde o mais pequeno reservatório de água da mais pequena aldeia, até às albufeiras, tudo irá começar a reduzir a quantidade de água armazenada. Os solos estão secos e as nascentes não vão repor toda a água utilizada pela ação humana nos próximos meses de estio.
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