A opinião de ...

CONTRA O ESQUECIMENTO

Este sábado, dia 2 de julho de 2016 morreu Elias Wiesel. Elie foi um incansáel defensor dos direitos humanos denunciando o racismo e a violência por todo o mundo. Vítima do genocídio que o regime nazi levou a cabo na primeira metade deste século, esteve em dois campos de concentração onde perdeu a irmã, a mãe e o pai. Através dos seus livros deu-nos a conhecer os horrores cometidos pelo regime germânico antes e durante a II guerra mundial. Era seu intento divulgar e dar a conhecer para que não se repitam atos que a todos chocam e envergonham. O conhecimento da monstruosidade é fundamental para prevenir repetições futuras. E, sendo-o, nada nos garante que baste.
Refletiindo em família sobre o sucesso do II Encontro da História e Cultura Judaicas que ocorreu nos dias 24 e 25 de junho na Biblioteca Municipal de Moncorvo, alguém chamou à atenção para a utilidade necessária e insubstituível dos relatos terríveis dos termos e atos com que o Tribunal do Santo Ofício castigou o país em geral e o nordeste em particular. Apesar dos horrores aqui referidos e de muitos outros igualmente conhecidos, poucos séculos depois, os seguidores do fürer germânico retomavam a sanha persecutória e assassina contra os filhos de Israel.
Tão importante como criar rotas e traçar destinos, atrair curiosos e turistas, contribuir para o património e para a cultura é despertar as mentes e expor a história para que a consciência comum seja abalada e de tal forma confrontada que nunca mais seja possível repetir tamanhas atrocidades. É essa, mais que todas as outras, a mais valia do trabalho de tantos que em Moncorvo, em Belmonte, nas terras de Miranda ou de Almeida, no Nordeste, nas Beiras ou nas prateleiras de toda e qualquer biblioteca, pública ou privada. É esse o valor que temos de relevar e agradecer a todos em geral mas os nordestinos e moncorvenses, em particular, devem aos que estudam processos e registos, escrevem livros e artigos, divulgam factos e espólios e organizam e promovem conferências e encontros. Muitos são os que esta lista, se exaustiva, deveria conter mas é impossível não citar Adriano Vasco Rodrigues, Maria da Assunção Carqueja, Adília Fernandes, António Júlio Andrade, Maria Fernanda Guimarães e Carlos Carvalheira. E ainda outros que relatando e denunciando os atos ignóbeis praticados em nome da fé e do cristianismo igualmente contribuem para lançar luz sobre os tempos obscuros e tenebrosos que assolou o nosso país e a nossa região, alargando ainda mais o rol em que os recentemente desaparecidos Amadeu Ferreira e António Monteiro Cardoso, entre vários serão referências incontornáveis.
A recuperação da Sinagoga e a instalação urgente do Centro de Estudos Judaicos, Maria da Assunção Carqueja Rodrigues e Adriano Vasco Rodrigues que a Câmara de Moncorvo anunciou o ano findo e que informou fazer parte dos projetos que receberão apoio financeiro no novo quadro comunitário de apoio, fazem parte do necessário desenvolvimento nesta área para que o tema continue vivo e presente nas gerações atuais e vindouras.

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