A opinião de ...

A grande derrocada: porquê, para quê, e logo agora?

Na verdade, se não houvesse já motivos de sobra para pensar e refletir sobre o perigoso abrandamento da economia global no ano de 2024, em Portugal, com a continuada e acentuada queda das exportações e das importações, a fraca produtividade da economia, um PIB anémico, o baixo consumo interno, os salários, já de si tão baixos, engolidos pela inflação e pelo aumento incontrolável do custo de vida, a que se junta a insatisfação generalizada dos trabalhadores em atividades essenciais como a agricultura, a agropecuária, a silvicultura, a construção civil, a metalomecânica, as indústrias do vestuário e do calçado, e de serviços vitais como a saúde em todas as suas vertentes, a educação, a justiça, a energia, os transportes, as forças de segurança e tantos outros, o mínimo que se poderá dizer, é que isto não está para brincadeiras.
Como se isto não fosse já carga a mais para uma economia exposta como a nossa, a sofrer o impacto duma pandemia como a do Covid 19, seguida de duas guerras, que sabendo-se quando começaram, mas não quando terminam, situação agravada com a subida brusca e bruta das taxas de juro, que penalizou dramaticamente os titulares de crédito para a compra de habitação, brutalmente penalizados pelo aumento escandaloso das prestações mensais, sem ninguém saber se e quando as famílias se verão livres deste sufoco que, da noite para o dia, as deixou escravas da ganância insaciável e imoral dum sector bancário agiota, governado por gestores, com os bolsos bem recheadas com as suas principescas remunerações e bem chorudas mordomias que, há bem poucos dias a trás, tiveram o desplante de vir a público pavonearem-se com os escandalosos mais de três mil milhões de euros de juros e comissões, que fazem entrar por dia, só nos cofres dos quatro maiores bancos.
Enquanto isto, cresce assustadoramente o número de portugueses a viver da caridadezinha, em condições indignas de todo o ser humano.
Foi neste contexto que, quando menos seria desejável, o país foi mimoseado com a atual crise política, que fez ruir como um castelo de cartas um governo maioritário que, de asneira em asneira, de fiasco em fiasco, de caso em casinho e de teimosia em teimosia, só por culpa e demérito próprio, se foi pondo a jeito, até ruir com estrondo, sem honra nem glória.
Agora, à medida que vai assentando a poeira, e as pessoas tomam consciência da situação criada, exige-se e espera-se dos culpados da crise, que, sem sofismas, mas com explicações sérias e honestas, justifiquem a queda dum governo de maioria, com tão pouco tempo de governação.
Dizer que foi porque nasceu duma votação personalizada no 1º ministro, seria fraca a formação de novo governo da mesma maioria como já fora experimentado no passado, poderia redundar no adiamento duma dissolução da Assembleia da República para um pior momento, para garantir a estabilidade económica e social com a aprovação do OE/2024 e para devolver a palavra ao povo sem dramatização nem temores, desculpe, Senhor Presidente, isto mais parece um caldo sem sal e, mesmo assim, a saber a muito poucochinho.

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