Bragança - Entrevista a Jorge Nunes

“A diocese precisa de alguém que continue este trabalho de afirmação num território difícil”

Publicado por AGR em Qui, 2022-07-07 14:24

MB.: A diocese está à espera de um novo bispo. Lidou com três bispos (D. António Rafael, D. António Montes e D. José Cordeiro). Que tipo de personalidade é que entende que a diocese precisa agora?
JN.:
Tive a felicidade de poder lidar com vários responsáveis de instituições, nas de âmbito civil onde a alternância no poder central foi mais frequente, lidei com muitos responsáveis, exemplo mais próximo o do Governo Civil, em que lidei com cinco governadores civis com os quais mantive bom relacionamento. Na Diocese a situação é sempre distinta. Lidei com três bispos. Foi uma felicidade para mim. Aprendi sempre nestes processos, em particular na relação com os bispos. Mantivemos sempre uma relação de amizade, de muito respeito em termos institucionais e de elevada cooperação. Para mim, foi um processo de enriquecimento pessoal e institucional.

Foram bispos de características diferentes. D. António Rafael foi o bispo da catedral, D, António Montes é um homem de grande cultura, mais recolhido para a área da Igreja e D. José Cordeiro, que percebeu os sinais demográficos difíceis para o território, e a perda de padres, fez reformas necessárias nas paróquias e assegurou os mecanismos de sustentabilidade dos investimentos nas paróquias. Foram três bons bispos para a Diocese, fizeram uma grande obra, engrandecendo a diocese, engrandecendo a diocese, engrandeceram a comunidade. O trabalho das instituições complementa-se.

A Câmara Municipal trabalhou ativamente com as paróquias e com a Diocese. D. António Montes dizia com frequência que não havia que ter complexos na relação entre a parte civil e a religiosa porque o povo com o qual se trabalhava era o mesmo. Também assim o entendi e por isso a ajuda do município à requalificação do património religioso foi muito significativa. O trabalho da diocese acompanhou o trabalho de engrandecimento do concelho e da região, que progrediu globalmente apesar das enormes dificuldades e desafios que temos no presente.

Diria que a diocese precisa de alguém que continue este trabalho de afirmação num território difícil, em que o declínio populacional é muito significativo e que representa a maior adversidade que temos hoje no território (o envelhecimento e o despovoamento), mas onde a presença dos jovens é fundamental. Uma diocese que olhe para esta realidade demográfica difícil, mas que perceba que a realidade se transforma com os jovens, que assumem o futuro deste território, para os quais tem de ter um olhar muito atento.

 

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