Nordeste Transmontano

Grávidas convocadas para consulta pré-natal após o nascimento dos bebés

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2024-03-14 15:17

Duas mulheres de Mirandela revelam ao Mensageiro que a Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) marcou-lhes as primeiras consultas de gravidez para quando já tinham nascido os seus filhos.

A situação é ainda mais caricata pelo facto de as consultas, já, na altura, fora de prazo, terem sido reagendadas para novas datas, quando um dos bebés já tinha nove meses.

Um caso passou-se com Melanie Gonçalves. A primeira consulta de gravidez foi agendada para agosto de 2023, quando a bebé já tinha nascido há três meses. “Recebi, no final de janeiro, deste ano, uma mensagem, via SMS, da ULS Nordeste, a desmarcar uma consulta que tinha sido agendada para Agosto de 2023, quando, na altura o bebé já tinha nascido em maio”, conta.

Alguns dias depois, recebeu nova mensagem da ULSNE. “Esta era para desmarcar uma consulta de Setembro do ano passado, e ri-me da situação, porque não tem lógica nenhuma”, acrescenta.

O segundo caso, com contornos semelhantes, aconteceu com Andreia Reis. “Dia 29 de janeiro deste ano, recebi uma mensagem a desmarcar a minha consulta pré-natal de agosto do ano passado, quando nessa altura já não a devia ter porque já estava grávida desde abril, e agora quando já tinha tido o menino há um mês e meio mandaram uma mensagem a dizer que a minha consulta tinha sido desmarcada e que iriam marcar uma nova consulta, quando já há muito tempo passei o pré-natal”, lamenta.

A falta de acompanhamento destas mulheres por parte do serviço público prestado pela ULS do Nordeste também ficou patente na realização das ecografias. “As consultas de obstetrícia eram sempre marcadas para quinta-feira, e muitas vezes, na véspera, era enviada uma mensagem a dizer que a consulta tinha sido desmarcada e nunca tinha nova data e aconteceu estar dois, três e quatro meses sem conseguir consultar aqui, pelo que tive de me deslocar algumas vezes a Vila Real para conseguir fazer a ecografia mensal porque aqui não conseguiam dar-me apoio”, refere.

Já Melanie Gonçalves teve mesmo de recorrer ao privado em diversas ocasiões. “Primeiro demoraram muito tempo a marcar consulta e tive de andar no privado, pagando imenso pelas consultas, e depois no último mês o médico meteu baixa e tive de ir novamente ao privado e só quinze dias antes de ela nascer é que me chamaram e deram-me a carta para ir para Bragança”, conta.

Até ao momento, ainda não foi possível obter uma reação por parte da administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste sobre estes casos.

Outro caso em 2023

Já, em maio do ano passado, outra mulher tinha denunciado na comunicação social uma situação idêntica. Diana Remondes revelou, na altura, que só conseguiria a primeira consulta no Serviço Nacional de Saúde para o oitavo mês de gestação, caso não tivesse recorrido ao privado, onde se manteve até ao nascimento do filho.

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