Bragança - Entrevista a Jorge Nunes

“A região está debaixo de um ataque do centralismo há décadas”

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2022-07-07 12:25

O antigo presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, lançou recentemente uma publicação sobre os Congressos Transmontanos e foi agraciado pelo Presidente da República, de quem recebeu o título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Nove anos depois de ter deixado a presidência da autarquia brigantina, Jorge Nunes deu ao Mensageiro a primeira grande entrevista, em que fala dos projetos presentes, dos futuros, e em que faz um balanço dos quatro mandatos à frente do concelho. Esta é a primeira parte de uma longa entrevista que terá continuação na próxima edição.

Nesta primeira parte da entrevista, Jorge Nunes aborda os problemas que a região vive atualmente.
Mensageiro de Bragança: Lançou recentemente um livro sobre os congressos transmontanos. Que mensagem pretendia transmitir?
Jorge Nunes:
O livro dos Congressos Transmontanos 1920-2020 foi um trabalho que me entusiasmou no sentido de procurar recolher a informação relativa às comunicações e conclusões dos congressos, particularmente do primeiro e do segundo, pois a informação estava dispersa e, quando realizámos o terceiro congresso, eu, que tive a oportunidade de liderar a comissão executiva, dispunha de pouca informação.
Gostei muito de concretizar este projeto, desde logo pelos temas que foram discutidos, pela abordagem feita aos problemas da região, pelas soluções apresentadas e, também, pela visão regional e nacional que os congressistas tinham. Pessoas de muita qualificação e preparação, num tempo em que predominava o analfabetismo e onde se destacavam cidadãos transmontanos que, através do conhecimento, da capacidade de trabalho e da determinação conseguiram ascender a lugares de topo em várias áreas, da política, comunicação social, da carreira militar, da escrita, da ciência e da academia, em que cidadãos oriundos de Vinhais e de Freixo de Espada à Cinta exerceram o cargo de reitores das Universidades do Porto e de Lisboa. Muitos ascenderam a cargos ministeriais, onde tinham voz.
Significa que, muito dos poucos que destas terras saíram com instrução conseguiram demonstrar grande capacidade, muitos valores e não esqueceram a região em momento nenhum. A informação recolhida é útil, mesmo para a atualidade, pois dá-nos um retrato da situação económica e social ao longo de um século, ajuda-nos a equacionar o caminho de futuro com outra consistência, com outra preparação. O conhecimento da história permite-nos uma melhor visão do futuro, sobretudo a quem tem a responsabilidade de pensar a região, encontrar as soluções, de o fazer de uma forma mais integrada e mais abrangente.
Foi esse o contributo que pretendi e, também, o apontar de algumas soluções, que procurei dar com este livro que, não sendo o primeiro, também espero que não seja o último.
 
MB.: Viu algum ponto de contacto com a realidade que vivemos atualmente e que o tenha surpreendido?

 

(Entrevista completa disponível para assinantes ou na edição impressa)

 

 

 

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