A opinião de ...

Como em tudo na vida, também nas crises, “nunca há duas, (dois), sem três”

É dos livros que, como em tudo na vida, também na atividade política, ou talvez mais ainda, nunca há duas sem três, verdade inquestionável e sobejamente confirmada pelo tsunami que fez desmoronar como um baralho de cartas aquilo que parecia ser um governo de maioria absoluta à prova de ventos e marés, que acabou por implodir fragorosamente, deixar a descoberto suas fraquezas e contradições, levantar sérias dúvidas sobre as virtudes do sistema em que se instalou e, bem mais grave do que tudo isso, lançar o país numa perigosa crise política, para a qual se sabe a hora da entra, e da qual tarde ou nunca se saberá como, quando e em que condições se irá sair, na certeza porém de que os pesados custos, para não variar, irão recair sobre os mesmos de sempre, ou seja, sobre as camadas mais frágeis e desfavorecidas.
Entretanto, no tabuleiro de interesses, de verdades, meias verdades e inverdades, habituais em todas as crises políticas, as figuras mais destacadas da política, rapidamente entraram em cena, para, através dos tempos de antena mais nobres das televisões que os pergaminhos dos seus altos cargos facilmente lhes propiciam, justificar o injustificável ou, como muito bem diz o nosso povo, puxar cada um a brasa para a sua sardinha o que, manifestamente, nenhum deles conseguiu na medida das suas necessidades, desígnio, de resto, até certo ponto compreensível, atendendo ao muito que está em jogo, à estrema gravidade das suspeitas em análise que, a confirmar-se, pode mexer com muitos dos interesses instalados em Lisboa nos corredores alcatifados do palácio de S. Bento, e até mesmo questionar a utilidade e o interesse para a causa pública de muito boa gente que se passeia nos Passos Perdidos da Assembleia da República.
Para já, a primeira conclusão a retirar, considerados os prós e os contras, é que, a muitas figuras da nossa praça para dizer muito do que disseram, melhor seria terem ficados calados, esperando que o natural evoluir da situação, em vez de complicar, talvez ajudasse a clarificar muitas coisas.
Mas, lamentavelmente, numa tentativa desesperada de autojustificação, em vez de cada um assumir a responsabilidade dos seus atos, incompreensivelmente decidiram enveredar por uma verborreia ilógica, inconsequente e sem sentido, a raiar o ridículo, ao nível do raciocínio, da lógica e da esperteza ladina dos miúdos da pré escola usada para se desculparem das traquinices que faziam aos colegas nos intervalos dos recreios.
Mas não tiveram essa lucidez, decidiram ir por aí, e agora resta-nos:
- Um Presidente da República que, apressadamente, vem a público explicar-se;
- Um Primeiro Ministro que ridiculamente tenta justificar-se;
- Um Governador do Banco de Portugal que ingloriamente, acabou por estatelar-se:
Porque, à medida que as coisas avançam, cada vez ficam mais pontas soltas, é muito provável que, sobre este caso, ainda haverá muito pano para mangas. Resta só esperar para ver.

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3961

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