A opinião de ...

São asneiras a mais para um só Presidente

Parece que algo não vai bem para as bandas do Palácio de Belém.
Porque o dom da infalibilidade é numa prerrogativa fora do alcance da generalidade dos cidadãos, o que justifica que, à maioria dos mortais deste mundo, em condições excecionais, até se possam desculpar os deslizes e as asneiras que cometem, já no que diz despeito às elites, sejam elas quais forem e, muito particularmente, aos titulares de cargos públicos de relevo no exercício das suas funções, é absolutamente inaceitável toda e qualquer leviandade, (e isto para ser muito prudente na escolha das palavras) , toda a desfaçatez e falta de respeito, com que se dirigem aqueles que os elegeram.
Vem isto a propósito de algumas das afirmações desastradas e desajustadas do momento, produzidas pelo Sr. Presidente da República no âmbito das comemorações dos cinquenta anos do vinte e cinco de abril, o que, desnecessariamente, levou muita gente a duvidar da sua sanidade mental e interrogar-se onde estava com a cabeça, pela maneira extremamente infeliz e descortês como se referiu ao anterior e ao atual primeiro ministro, e muito mais grave ainda, como, depois de por em cheque a história multissecular da colonização portuguesa, deu à luz a ideia peregrina da obrigação que impende sobre Portugal de ressarcir os povos de Cabo Verde, S. Tomé, Angola, Guiné e Moçambique pelos danos (?)causados e pelas riquezas(?) de que os colonos se teriam apropriado indevidamente durante os longos séculos da colonização daqueles territórios, trazendo-os depois para Portugal à época da descolonização .
Muito sinceramente, embora não alinhando com a tese peregrina dos que acusam o Sr. Presidente da República de ter traído o país e a sua história, mesmo assim, tenho de reconhecer que ele falhou rotunda e clamorosamente na responsabilidade inerente à sua qualidade de primeira figura do estado, o que abalou seriamente o seu prestígio político e feriu de morte a credibilidade que foi granjeando durante a sua já longa carreira política, dependendo agora exclusivamente de si, no que falta cumprir deste se segundo e último mandato, conseguir convencer as pessoas que nele confiaram que ninguém está livre de um dia mau o que, convenhamos, não será nada fácil.
Pela enorme esforço necessário para conseguir um tal desiderato, na situação interna extremamente volátil com que o país se debate, perigosamente condicionada pela imprevisibilidade da evolução da conjuntura externa, nesta teia de erros e de equívocos em que se deixou enredar, por mais beijinhos e abraços que continue a distribuir por todos os cantos e esquinas do país, por exclusiva responsabilidade sua, o mais provável é que nada volte a ser como dantes.

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