A opinião de ...

Ainda vamos a tempo

Não são sinais positivos, de todo, aqueles que temos assistido, provenientes de várias latitudes europeias, pela evidência de intolerância, facciosismo e radicalismo.
Têm sido aliás bastante mediatizadas algumas manifestações e ataques de diversa índole que originam, seguramente, a vivência de uma atmosfera de apreensão não só quanto ao presente, mas sobretudo relativamente ao futuro, pois remetem para um clima de incerteza, medo e insegurança.
Na maior parte das vezes constata-se que, no conjunto de fatores que determinam a conduta das pessoas nestas ações, se encontram, em profundidade, os oportunismos políticos, quer de extrema-direita quer de extrema-esquerda, separados por ideologias, mas unidos na indignidade.
Outras razões ainda importantes se podem encontrar nos fortes interesses económicos de alguns grupos e organizações, no sectarismo interpretativo e vivencial de algumas religiões que pensam desculpar-lhes a violência e opressão e, tantas vezes, na pura lavagem cerebral perpetrada aos seus protagonistas, o que torna tudo isto ainda mais triste!
De tudo, contudo, se pode resumir ao que um dia referiu Helmuth Kohl, católico e democrata-cristão Chanceler da Alemanha de 1982 a 1998, “a política de integração europeia é em realidade uma questão de guerra ou paz para o séc. XXI”.
Na verdade, é cada um de nós, como pessoa humana, que pelas suas opções relativamente aos valores e princípios que propugnamos, numa sociedade livre e democrática, de forma autónoma, consciente e responsável, que criamos a nossa própria forma de vida no mundo.
Para isso, há bandeiras (para hiperligar com os adereços tão em voga...) que não podem e não devem ser ignoradas, por todos e cada um de nós. São como que referenciais dos quais não pode ninguém afastar-se precipitadamente sem originar perigos e ruturas civilizacionais.
São elas, a dignidade de todos os seres humanos, o destino universal dos bens, o trabalho para todos, o respeito pela vida e pela família, a promoção da paz e do diálogo, o perdão e a reconciliação, ao fim e ao cano, a fraternidade e a comunhão.
Não ter vergonha e medo de as defender pois não são letra morta, são efetivamente não só condição para a realização humana, mas são também fruto do desenvolvimento e da justiça que devem ser assegurados a todos.
Este ruido ensurdecedor de guerras e conflitos e o agravamento das desigualdades, da pobreza e da fome faz-nos hoje clamar ainda mais por uma visão diferente, de viver este projeto comum, de reconhecimento, integração e valorização de cada pessoa humana. Para quem quiser. Quem não quiser terá de procurar outros espaços. Ainda vamos a tempo.

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3960

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