A opinião de ...

Sénior idade

“Esses governos ensinam a não fazer nada”. Esta frase curta e singela, clara e limpa, de hipocrisia desprovida do servil “politicamente correcto”, daqueles que se vão orientando no regime em vigor, saiu solta, como a água que brota cristalina da nascente.
Esta frase proferida no dia 25 de Dezembro de 2022 por um homem de 101 anos de vida de nome Manuel ... vive aqui na região de Sintra. E são homens como este, que com o seu “saber de experiência feito” que nos obrigam a pensar neste país devastado por políticas e políticos desastrados que só olham para eles, o seu bem-estar e mais nada.
Assim, andam agora na moda as campanhas a favor dos “seniores”, ou seja dos velhos velhas deste País.
Os cegos passam a ser designados invisuais, os surdos deficientes auditivos, e os coxos deficientes motores, etc.
Enfim quando jogávamos futebol no glorioso “Sport Clube de Vila Real”, havia os infantis, os juvenis, os seniores e os veteranos.
Não havia nenhuma equipa de velhos, apenas velhas glorias que de vez em quando davam o primeiro e apenas simbólico pontapé na bola, retirando-se depois do campo para que os mais novos fizessem o que eles já haviam feito no seu tempo.
Confessamos que não gostaríamos de ser chamados seniores quando agora já somos velhos. Nesta ordem de ideias, preferimos mil vezes que os bebés, continuem bebés nas suas fraldas, as crianças, permaneçam crianças nas suas distracções de bonecos e carrinhos, os adultos, adultos nas suas vidas e, os velhos, velhos, quando for perfeitamente claro que novos não são.
Moucos já andamos por vezes, se pioramos, queremos ser surdos.
Se as cataratas, ou as dificuldades de as resolver nos impedirem de ver, queremos ser cegos. E, se daqui a alguns anos, com o avançar da idade já nos chamam velhos, então queremos sê-lo.
Finalmente, se nos chamarem seniores, além de nos sentirmos desrespeitados, poderemos, na senilidade, vermo-nos de novo com chuteiras e calções a aquecer no “Campo do Calvário”, na lateral, prontos para entrarmos em campo e procurar marcar alguns golos, que sempre foram o objectivo do futebol, só que, já não temos força.

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