A opinião de ...

Mobilidade médica… De Bragança para o Algarve!...

A crise económica, social e financeira que nos vem afligindo nos últimos anos, tem potenciado muitas alterações e inúmeros problemas na transversalidade organizacional, que se refletem na gestão de recursos humanos e materiais. Se é certo que os tempos de crise e austeridade nos colocam muitas adversidades, devemos entender que, no domínio das dificuldades, também surgem muitas oportunidades, bem como a possibilidade para corrigirmos caminhos e procedimentos, sobretudo no contexto dos nossos hábitos socioeconómicos, superando complexos e potenciando valores essenciais à construção de uma atitude mais determinada, solidária e eficiente. Sem nunca esquecermos que, em cada dificuldade, pode haver uma oportunidade. Até na partilha do conhecimento e na demonstração do reconhecimento.
Pois vem isto a propósito da resposta que foi dada pela Unidade Local de Saúde do Nordeste EPE – ULSNE, ao apelo/pedido ministerial, no sentido de o respetivo Serviço de Ortopedia/anestesia nordestino/transmontano, poder vir a colaborar na partilha dos recursos médicos, para fazer face carência de meios nesta especialidade, que se verifica no Serviços de Urgência do Centro Hospitalar do Algarve, decorrente da saída de profissionais daquela unidade do S.N.S. para o setor privado.
Ora, o surgimento desta “brecha”, para além de potenciar dificuldades de atendimento/tratamento dos pacientes numa situação normal, naquela região turística do sul do país, torna-se ainda mais grave quando se prevê um acréscimo de 15% no fluxo de turistas, nacionais e estrangeiros, na época de verão. É que se os serviços de urgência na especialidade de ortopedia do Centro Hospitalar do Algarve não pudessem responder às necessidades, as situações urgentes teriam de ser deslocadas para mais 200 Km de distância, ou seja para Setúbal ou Lisboa, o que, além de dispendioso para o erário publico, causaria grandes sacrifícios aos doentes, constrangimentos e no estado de saúde agravamentos. 
Assim, neste contexto, decorrente de inerentes posturas de voluntariedade e disponibilidade para o serviço público, contribuindo para evitar a rotura do serviços de ortopedia algaravios, duas equipas médicas, compostas por ortopedistas e anestesistas, das quais fazem parte, os médicos especialistas, Benjamim Rodrigues, Carlos Mourão, Xavier Martins e Daniel Ramos, ortopedistas, e Ricardo Adriasola, Miguel Pereira e Rui Pratas, anestesistas, iniciaram já a atividade laboral, na urgência do Centro Hospitalar do Algarve, cuja prestação se manterá até ao dia 30 de Setembro.
Se esta solução de resposta ao um desafio superior é demonstrativa das raízes éticas, formativas e dos valores interpretativas, nomeadamente ao nível da generosidade, da voluntariedade e da partilha, não é menos verdade que também se tratará de um reconhecimento da capacidade técnica e conhecimento dos profissionais da medicina do Nordeste Transmontano e uma lição de solidariedade desta região do interior transmontano para com o resto do país. Digamos que estes profissionais nordestinos protagonizam um papel importante em prol da unidade nacional, exercido como um testemunho que fala mais alto do que muitos discursos eruditamente elaborados.
Com efeito, além de desejar muitos êxitos aos nossos médicos no Algarve, valorizando o prestígio do Serviço de Ortopedia do Nordeste, desejo, também, que este continue a dar resposta eficiente às necessidades locais, sem equívocos, nem alteração na organização que nos habituou.
Nuno Pires

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3582

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