A opinião de ...

A bomba atómica..

A escalada de tensão resultou no deflagrar da bomba atómica e lá vamos nós para eleições outra vez (provavelmente). Uma tensão escusada e que resulta de um choque de egos. O de António Costa e o de Marcelo Rebelo de Sousa.
Mais do que outra coisa qualquer, o pecado de António Costa foi o de ter enfrentado Marcelo Rebelo de Sousa, acossando-o. Cutucou a fera, criando mais tensão, em vez de esvaziar esse balão, criado com o caso Galamba.
É um facto que o PR se esticou nos comentários. Mas isso não retira razão ao que disse, ou seja, Galamba não tinha, já na altura, condições para continuar no Governo. Todos sabiam disso. Mas a forma como Marcelo insistiu publicamente no assunto, levou Costa a tomar uma posição, sob pena de perder toda a autoridade com o PR daí em diante.
Aquilo que começou com uma birra levou a uma escalada de violência que só terminou com a bomba atómica: a demissão do Primeiro-Ministro.
Costa foi apanhado na curva e percebeu isso. Ao ponto de ter ficado com voz trémula e emocionado ao ler o seu discurso de despedida do cargo.
Era isto evitável? Era. Era isto necessário? Não. Terá isto custos para o país? Sim, elevados.
Como dizia D. Nuno Almeida, bispo de Bragança-Miranda, recentemente, “façamos desenvolver em cada pessoa tudo o que há nela de verdadeiro, de belo, de bom, de justo e de puro, para que cada um cresça como filho de Deus e irmão de todos e dê frutos de amor, de alegria e de paz”.
Foi isso que vimos entre as duas figuras mais importantes do Estado? Não.
Uma coisa parece certa, a bomba atómica estourou. O PM sai. Ora, sempre se disse que esse era o único poder do Presidente da República, o de detonar a bomba atómica. Mesmo numa altura em que começava a sofrer contestação, fosse pelas declarações sobre a Palestina, fosse pela alegada cunha para medicamentos de quatro milhões de euros a duas meninas brasileiras.
Seja como for, fica à vista quem é o DDT.
Mas esta ação da Justiça pode ter, ainda, outro efeito: fazer tremer alguns dirigentes públicos envolvidos nestas coisas das barragens. Não sei porquê mas estou convencido de que não tardam as notícias sobre processos a avançar nesse campo também...
Já se sabe que com bombas, sobram estilhaços. De que forma é que esta queda do Governo vai mexer com o xadrez político na região, sobretudo ao nível autárquico? Com alguns presidentes de Câmara no terceiro (e último, pela lei) mandato, será que o cumprem até ao fim ou darão o salto para a Assembleia da República?
E antigos governantes, será que deixam secretarias de Estado para se tornarem candidatos a Câmaras? Será que o PS vai descobrir em Isabel Ferreira a candidata à Câmara de Bragança que tarda em encontrar?
Outra questão que fica no ar: e o que acontece se o tal dito processo autónomo ao agora ex-Primeiro Ministro não der nada palpável?

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