A opinião de ...

Na Igreja, todos têm lugar

Tendo como lema: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc. 1,39), a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, começou com a celebração da Eucaristia pelo Cardeal Patriarca D. Manuel Clemente, no dia 1 deste mês, no Parque Eduardo VII.
No livro “Um Longo Caminho até Lisboa”, Aura Miguel dá-nos conta de catorze Jornadas Mundiais da Juventude: oito no Pontificado de S. João Paulo II; três no Pontificado de Bento XVI; e três no Pontificado de Francisco. Cada uma delas juntou milhares de jovens provenientes de todo o mundo, numa peregrinação de fé, de alegria e de procura dum mundo melhor, apesar de, por uma ou outra razão, tenham acontecido manifestações contrárias ao evento em vários países, entre os quais se salientaram a Espanha, a França e o Brasil.
Em Portugal, também opiniões contrárias à JMJ foram realidade.
Contudo, vejamos. Produto dum projeto e planeamento minuciosamente delineados, em que não houve imprevistos a salientar, não só pela grande segurança evidenciada pelas entidades que a tinham a seu cargo, como pela ajuda de milhares de voluntários, pelo comportamento dos peregrinos e, acima de tudo, pela simpatia do Papa Francisco, não deixámos de assistir, em Portugal, a um grandioso e irrepetível evento. Um evento de caráter espiritual, é certo, da responsabilidade da Igreja Católica, a qual insistentemente foi afirmando que esta é uma Igreja em que todos poderão beneficiar das portas abertas pelas quais esses todos podem entrar, e na qual, serão bem-vindos.
No dia 2, numa receção e acolhimento calorosos, Sua Santidade, o Papa Francisco chegou a Portugal. Após os devidos momentos protocolares, o roteiro incluiu “As Vésperas” no Parque Eduardo VII, uma visita à Universidade Católica, onde se encontrou com um grupo de jovens estudantes, seguido por outro encontro com jovens das Scholas Occurrentes, em Cascais. Também, no Parque Eduardo VII, presidiu à cerimónia de acolhimento dos participantes da JMJ, no Parque do Império confessou alguns jovens, e recebeu individualmente algumas vítimas de pedofilia praticada por membros da Igreja, tendo-se deslocado depois ao Bairro da Serafina, onde, no Centro Paroquial, se encontrou “com os representantes de alguns centros de assistência sócio-caritativa”. Na tarde do mesmo dia, assistiu, de novo no Parque Eduardo VII, à via-sacra dos jovens.
No dia seguinte, em Fátima, onde o esperavam cerca de 200.000 peregrinos, na Capelinha das Aparições, rezou o terço com jovens doentes. Regressado a Lisboa, e no Colégio de S. João de Brito, teve um encontro com membros da Companhia de Jesus; e, ao fim da tarde, já no Parque Tejo, participou na vigília com os jovens. Também no Parque Tejo, na manhã de domingo, perante cerca de um milhão e meio de peregrinos, celebrou a Missa de Envio. De tarde, no Passeio Marítimo de Algés, teve um encontro com os voluntários a quem agradeceu a sua contribuição para que esta Jornada tenha alcançado tão assinalável êxito.
Depois deste encontro, seguiu para o aeroporto de Figo Maduro, onde, após pequena cerimónia de despedida, embarcou rumo ao Vaticano.
Sempre bem-disposto, por onde Francisco ia passando, abençoava os peregrinos e atendia à solicitação de mães que lhe apresentavam os seus filhos para uma bênção, que ele sorrindo, acarinhava, enquanto a grande multidão o aclamava batendo palmas e gritando: “Papa Francisco! Papa Francisco!” e “Viva o Papa! Viva o Papa!”
Toda a inesquecível parte coreográfica, que ilustrou a Via-Sacra dos Jovens e a Vigília, ficou a cargo do grupo “Ensemble 23”; e um coro constituído por 210 cantores e 100 instrumentalistas, sob a regência da maestrina Joana Carneiro, valorizou todos os atos religiosos.
Finalmente, algumas expressões e pensamentos que nos deixou o Papa Francisco: “Esta Jornada não é só para jovens católicos; é para todos os jovens dos cinco continentes”. “A Igreja não tem portas para que todos possam entrar”. “A Igreja não pode ser senão a casa da alegria”. “[Jovens], não tenham medo!”; “Na vida não será nada impossível!”; “Lisboa, Casa da Fraternidade”, cuja hospitalidade agradeceu; “O Reino de Deus está perto de vós”.
Não deixou de referir a guerra na Ucrânia, e foi repetidamente afirmando a inclusão na Igreja, assim como o conceito do perdão.

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