A opinião de ...

Ideia Santa…Casa de Misericórdia!....

No nosso quotidiano deveria dar-se mais ao ditado popular, “Vale mais prevenir do que remediar”. Se esta filosofia de atuação fosse colocada em prática, muito do que acontece de mal certamente se evitaria.
Vem isto a propósito de tudo o que potencia os ódios letais, as guerras sanguinárias, e estas financia, alimenta…aguenta, desenvolvendo-se num contexto desprovido de valores e com um desfecho que atormenta. Para além da violência, e da crueldade sanguinária, estes ambientes terroristas barbáricos e hediondos, criam horizontes sem futuro, provocando alterações sociais, culturais e económicas negativas, irreversíveis.  
Perante estes odiosos flagelos de guerras sem explicação e a passividade expectante por parte de quem tem poder para realizar pronta eficaz intervenção, deixando arrastar conflitos que conduzem à destruição humana, material e imaterial, bem com à desertificação, imbuídos de um espírito que contrarie a indiferença e preste atenção à solidariedade e à maior abertura do coração aos “outros” e a Deus, não podemos ficar de braços cruzados.
Por isso, nesta altura em que se discute o problema/drama, humanitário relacionado com os refugiados que entram na Europa, não posso deixar de manifestar o meu apoio a todos quantos têm expressado a sua disponibilidade para prestar a necessária ajuda em Portugal e, com particular destaque, no Nordeste Transmontano. Embora, humanamente, respeite, custa-me a aceitar que nem todos comunguem deste espírito solidário e de ajuda a quem, numa situação limite, se vê obrigado a deixar a sua casa, os seus haveres, a sua família e partir para o desconhecido, para o imprevisto, correndo riscos…muitos riscos, de vida. É que nunca seremos nós próprios, se não vivermos em comunhão positiva com os outros, de modo a evitar ondas de choque inerentes à falta afeto, de solidariedade contributiva, que levem ao desânimo, à falta de confiança na vida e para a vida, à fome…ao desespero.
Em boa hora e com muito orgulho transmontano/nordestino constatei, positivamente, manifestações de solidariedade institucional e não só, que emergiram deste recanto interior do país, para poderem ser recebidos refugiados no nosso distrito, na nossa cidade. Uma lição de civismo e solidariedade para o país e para a Europa.
E aqui, sem menosprezar outras posturas institucionais, não posso deixar de salientar a forma voluntariosa como a Santa Casa de Misericórdia de Bragança, pela voz do seu Provedor, Eleutério Alves, se disponibilizou para acolher refugiados. Um exemplo que dignifica a instituição e região, que demonstra preparação para assumir riscos e custos financeiros e sociais, no sentido de ajudar a proteger “ameaçados”, circunstancialmente carentes, apontando um horizonte no futuro.
Não obstante os contextos económicos e sociais, o acolhimento dos refugiados poderia até constituir uma importante oportunidade para os responsáveis governamentais criarem projetos sustentados de combate à desertificação humana deste nordeste, promovendo, por exemplo, o repovoamento das nossas aldeias, numa acção coordenada de aculturação e integração inclusiva, podendo tornar-se num factor de desenvolvimento transversal. É importante abrir os corações e as vontades, à partilha e à efetiva solidariedade, banindo a indiferença, favorecendo o desenvolvimento e a fraternidade na união.

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3544

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