Editorial - António Gonçalves Rodrigues

A armadilha da crítica fácil

Já o tinha escrito aqui que o período eleitoral, sobretudo autárquico, é fértil em mexer com a emotividade das pessoas, toldando-lhes, muitas vezes, o raciocínio. Sobretudo aquelas que são candidatas a cargos públicos tendem a exacerbar perceções, tornando fácil ver os argueiros nos olhos dos outros sem conseguir enxergar as traves que pululam nos olhos próprios.
Há exatamente uma semana, o Mensageiro de Bragança publicou uma série de artigos de opinião das várias candidaturas à Câmara da capital de distrito.


Processos do século XIX em tempos do século XXI

Vivemos uma era de digitalização da nossa vida em sociedade, sobretudo ao nível dos processos burocráticos. Seja nas empresas, nas instituições ou mesmo no Estado.

Cada vez mais, as comunicações são em formato digital. Não faltam ferramentas que permitem, para além das comunicações (emails, mensagens, etc), preencher formulários, efetuar candidaturas, etc, sem gastar uma única folha de papel.

Dado o avanço tecnológico das últimas décadas, é inevitável que assim aconteça.


O custo da ignorância

Este ano, fruto de alterações introduzidas ainda pelo Governo anterior, houve uma quebra acentuada de candidatos ao ensino superior, contrariando um movimento de crescimento que se vinha registando.
O impacto foi especialmente sentido, como de costume, pelas instituições do interior do país, com os efeitos lógicos que isso tem para as economias locais.


Vira o disco toca o mesmo

Em 2017, o país atravessou um período de seca severa, tal como já acontecera em 2010 e, antes, em 2005.
Durante meses, a chuva teimou em não cair, deixando os campos e as florestas sequinhos, sequinhos, à espera de uma chama para explodir.
Em 2025, o tempo até começou por ser clemente, com a chuva a cair em abundância durante o inverno e a primavera, permitino reforçar caudais, recuperar fontes e nascentes e colocar as albufeiras e barragens com valores acumulados perto dos seus máximos.


Definição de loucura

Diz o povo que, um dia, Albert Einstein traçou uma definição simples para a loucura. Não tem a ver com penteados.
Terá dito o afamado cientista que loucura é insistir repetidamente nos mesmos atos esperando resultados diferentes, assim como quem bate repetidamente com a cabeça na parede à espera que lhe passe a dor.


Caça ao candidato

As próximas semanas, até ao dia 18 de agosto, prometem ser animadas. Com o prazo para o fecho das listas de candidatos às eleições autárquicas, e com várias candidaturas independentes pelo distrito fora, às quais se somam as de outros partidos que habitualmente não concorriam (Chega e Iniciativa Liberal, por exemplo), aperta o cerco a eventuais candidatos ou proponentes de listas.
Em vários concelhos e, sobretudo, ao nível de freguesias, começa a ser difícil encontrar gente suficiente para assinar as listas, quanto mais para as integrar.


Anúncios estratégicos

Quando se aproximam atos eleitorais, qualquer anúncio de algum organismo público corre o risco de ser entendido como campanha encapotada.
Foi a pensar nisso mesmo que, ainda este ano, em março, a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC), divulgou uma nota em que pedia que fossem observados alguns cuidados, sobretudo antes das eleições autárquicas.
“Inclui-se na proibição legal a divulgação de qualquer ato, programa, obra ou serviço, que não corresponda a necessidade pública grave e urgente”, lê-se no ponto 13.


Uma região inteira a definhar

O povo costuma ser sábio naquilo que diz e, desde há muito, o povo vai dizendo que “não há pior cego do que aquele que não quer ver”.
A impressão que dá, olhando para as políticas públicas dos últimos 15 anos (para não dizer dos últimos séculos), que atravessaram vários partidos na governação, é que sistematicamente o Interior do país tem sido cada vez mais votado ao abandono. E, a manter-se a atual trajetória, dentro de poucos anos, mais de metade do país será um imenso parque natural, mas sem habitantes.


Verão começa a aquecer

O ciclo é conhecido e pouco há a fazer para o evitar. A cada quatro anos, os verões têm tendência a serem mais quentes do que o habitual, independentemente da temperatura que faça lá fora.
Sempre que há eleições autárquicas, é certo e sabido que há chatices no ar.
Sendo umas eleições de maior proximidade e que envolvem muitos candidatos (às Câmaras, às Assembleias Municipais e às Assembleias de Freguesia), mexe sobremaneira com as emoções das pessoas.
São amizades que se desfazem, famílias que ficam de costas voltadas e até casamentos que ficam tremidos.


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