‘Meus senhores, liguem os vossos motores”
Ultrapassadas umas eleições legislativas com quem ninguém contava tão cedo, o ambiente já cheira novamente a eleições. Agora, a autárquicas.
Estas são, por excelência, umas eleições de grande participação popular, em várias fases do projeto, desde a escolha de candidatos, à elaboração de listas até à ida às urnas no dia do ato eleitoral.
Desta vez, os candidatos não são umas figuras que aparecem na televisão, longe do povo, mas antes o cidadão comum, o amigo de todos os dias, o vizinho, o primo ou o irmão.
Devido a essa proximidade, estas são umas eleições que mexem muito com a emoção do cidadão.
As discussões tornam-se mais acaloradas, viram-se as costas a amigos de uma vida e até famílias ficam divididas ao meio.
Isso acontece seja nas cidades, vilas ou, fundamentalmente, nas próprias aldeias do distrito de Bragança, um dos mais despovoados do país, onde a constituição de listas é cada vez mais um problema para as candidaturas.
Com cada vez menos gente nas aldeias, conseguir candidatos para dois partidos tem sido um problema nos dois últimos atos eleitorais do concelho de Bragança, por exemplo (o mais populoso do distrito). Então pensar em três, quatro ou cinco candidaturas em cada freguesia é uma utopia.
Quem perde com isso é a democracia, que fica cada vez mais centralizada.
Por outro lado, esta é uma eleição que mexe com as pessoas precisamente por mexer com muitas pessoas. Entre candidaturas ao executivo municipal, assembleias de freguesia e assembleias municipais, são muitos os candidatos a escolher por cada partido (ou movimento de cidadãos).
Com os eventos ligados à campanha a começarem a acontecer neste início de verão, aquilo que se espera, de todos e não apenas dos candidatos, é que não se deixem levar pelas emoções.
É possível trocar ideias sem discutir, é possível debater sem agredir, é possível fazer valer os diferentes pontos de vista sem insultar.
O advento de redes sociais, com a facilidade de aparecimento de perfis falsos e do recurso ao anonimato, torna cada vez mais fácil e recorrente o exacerbar das emoções.
Mas, quando a discussão sobe de voz, já não se ouvem argumentos, apenas gritos e ruído.
Por isso, até no interesse de todos os candidatos, era conveniente que o tom da campanha não ultrapassasse certos limites.
Só tem a ganhar a democracia.