Não é não é não
Querem por força fazer-nos crer que o “não é não” em que se baseou que a última campanha eleitoral da AD quer a anterior, continua válido, apesar dos evidentes sins; que continua vivo, mau grado a notória falta de sinais vitais.
Querem por força fazer-nos crer que o “não é não” em que se baseou que a última campanha eleitoral da AD quer a anterior, continua válido, apesar dos evidentes sins; que continua vivo, mau grado a notória falta de sinais vitais.
Começou o julgamento mais mediatizado dos últimos tempos – o da chamada Operação Marquês onde o antigo Primeiro Ministro José Sócrates é acusado de vários crimes e de cujo cardápio saíram já outros tantos, durante o processo de instrução. Apesar dos numerosos indícios e flagrantes não há, tanto quanto se saiba, qualquer prova que incrimine o antigo governante.
Independentemente do seu alcance e da sua radicalização, os extremos, existem. Por definição, as franjas, de um lado e de outro de tudo quanto se situe ao centro, são os extremos do mesmo. Mais ou menos extremistas, mas isso é outra questão. É natural que tenham algumas semelhanças entre si, mas igualmente hão de ser caracterizados por diferenças substanciais. Não são a mesma coisa nem a sua distância ao centro é a mesma, sendo, inclusive, variável, para cada grupo, em função do tempo e das circunstâncias.
Quando, de manhã, entro no carro para me deslocar para a Fundação Champalimaud, em Pedrouços, por hábito e comodidade, mais do que qualquer necessidade, ligo o meu telemóvel ao sistema de orientação do veículo e, de imediato, aparece no ecrã a sugestão, para validação, do melhor caminho para o meu local de trabalho. Digo que sim, sem refletir. Obviamente que, fazendo este trajeto há mais de três anos, diariamente, não necessito de ser informado sobre o percurso. Faço-o por hábito.
Diz uma velha lenda africana que quando um raio pegou fogo à savana, todos os animais se apressaram a atravessar o rio pois a fúria e a velocidade das labaredas levavam, a eito, tudo quanto estivesse naquela margem. Quem sabia nadar tratou de atravessar as refrescantes águas fluviais, com a maior brevidade. Quem não sabia, foi, solidariamente, ajudado por quem tinha essa capacidade e disposição para tal. Sobrou o escorpião em quem ninguém confiava.
A tolerância é, assumidamente, uma característica dos regimes democráticos. Em termos gerias, ser democrata é estar aberto a ideias diferentes, respeitar opiniões diversas, reconhecer os direitos alheios e, quase por consequência, ser tolerante. Mesmo para quem o não é. Não há graus de tolerância. Ou se tem ou não se tem. E quem não for tolerante (com todos, porque com alguns é fácil) não se pode autointitular de democrata. Porém, Karl Popper alerta para o facto de que a tolerância ilimitada leva, mais tarde ou mais cedo, ao desaparecimento da tolerância.
Há quem queira fazer das próximas Eleições Legislativas um referendo/plebiscito aos últimos cinquenta anos da nossa Democracia relevando para o efeito todos os defeitos, moléstias, faltas e vícios que, sem dúvida enfermaram a gestão da coisa pública neste meio-século passado.
Na última edição deste jornal, era dada a devida nota do desagrado da Câmara de Torre de Moncorvo com as vicissitudes da tristemente célebre novela da esperada, prometida, garantida e pouco concretizada, extração do minério de ferro no Cabeço da Mua, na freguesia do Felgar daquele concelho.
Obviamente que é imperativo que a atuação de qualquer membro do Governo e, por maioria de razão, quem o chefia, seja clara e, quando o não for, por si mesma, tenha de ser clarificada. Mas, a clarificação não passa por bombardear o visado com novas perguntas, após cada pergunta respondida, com pedidos de esclarecimento a cada aclaração apresentada e, muito menos, embrulhar tudo em várias insinuações, mais invasivas e perniciosas do que qualquer acusação concreta por não afirmando impedir qualquer desmentido.