Pe. Manuel Ribeiro

(Parte II) Identidade e diferença num mundo globalizado

«A identidade nacional constrói-se numa dinâmica de confronto»
“Eu sou tu quando eu sou eu” (Paul Celan)
A sociedade moderna padece, como profeticamente Lipovetsky anunciou, de problema de individualismo e egoísmo únicos na história. Os indivíduos estão cada vez mais “absorvidos neles próprios” (LIPOVETSKY, 1989, p. 20) e a procura por uma identidade pessoal apresenta-se como um problema premente, indissociável das profundas modificações culturais em curso.
A este propósito, o Papa Francisco assevera que:


(Parte I) Identidade e diferença num mundo globalizado «A identidade nacional constrói-se numa dinâmica de confronto»

“Eu sou tu quando eu sou eu” (Paul Celan)
A identidade nacional (a portuguesa, em particular) resulta, inevitavelmente, dum processo de comparação com outras identidades e, em algumas circunstâncias, resulta numa reação de cariz mais bélica, quase numa tentativa última de afirmação da sua pertinência enquanto povo e nação.


“Diante da globalização da indiferença, a alternativa é humana” (Papa Francisco)

O Papa Francisco, na sua linguagem sempre acutilante e assertiva, coloca-nos em confronto com a nossa mais íntima forma de ser e de estar, isto é, na atitude egocêntrica que habita no mais íntimo de mim mesmo: “diante da globalização da indiferença, a alternativa é humana” (FRANCISCO, 2013) .Curioso que o Cardeal D. Tolentino afirma que “o nosso ego é um ditador prepotente e caprichoso e se não o contrariarmos acabamos por viver uma vida absurdamente egoísta. Nós não somos o centro do mundo”. Aqui está o busílis da questão.


Ecos de um retiro sobre o luto

Vivemos tempos conturbados, tempos onde é difícil estarmos a sós connosco mesmos, em parar para cuidar de nós, para retemperar forças, para nos posicionarmos em ordem a um bem maior e em parar para respirar a vida, particularmente, a vida de Deus e na comunhão com Ele.

Por isso, promovemos um retiro no Santuário do Imaculado Coração de Maria, em Cerejais. Este quis ser uma oportunidade singular para pararmos, para respirarmos e para ressignificar a nossa vida e as nossas opções fundamentais, particularmente no que à dor e ao luto dizem respeito.


“Não nascemos cristãos, tornamo-nos cristãos”

O ensaísta Pedro Mexia escreveu recentemente um artigo no Semanário Expresso (Advento, Semanário#2668, 15/12/23) em que, de alguma forma, suscita e provoca os fiéis crentes a posicionarem-se quanto à fé que professam. Por outras palavras, a assumirem as verdades do Credo na vida ordinária de cada um. Adverte, no entanto, o ensaísta que, “infelizmente, muitos teólogos, e muitos crentes, tendem a considerar o cristianismo apenas como instituição ou como ideologia. Interessa-lhes uma “religião sem transcendência”: o pior de dois mundos”. Como isto é verdade!


De que é que o medo tem medo?

Começo com esta pergunta que, julgo eu, incita a uma profunda e séria reflexão. Afinal, de que é que o medo tem medo? A resposta é simples. O medo tem medo da coragem! Sim, da coragem. A coragem provoca as mudanças para aquilo que pretendemos e/ou desejamos. Mais, ela provoca-nos no sentido de ir à procura de soluções, levando-nos a sair do medo que nos prende e nos acorrenta, que nos impede (até) de sonhar e de ser quem queremos ser e/ou descobrir quem estamos destinados a ser. Mas atenção, a coragem não fica desprovida da virtude da prudência.


Assinaturas MDB