Pe. Manuel Ribeiro

“Não nascemos cristãos, tornamo-nos cristãos”

O ensaísta Pedro Mexia escreveu recentemente um artigo no Semanário Expresso (Advento, Semanário#2668, 15/12/23) em que, de alguma forma, suscita e provoca os fiéis crentes a posicionarem-se quanto à fé que professam. Por outras palavras, a assumirem as verdades do Credo na vida ordinária de cada um. Adverte, no entanto, o ensaísta que, “infelizmente, muitos teólogos, e muitos crentes, tendem a considerar o cristianismo apenas como instituição ou como ideologia. Interessa-lhes uma “religião sem transcendência”: o pior de dois mundos”. Como isto é verdade!


De que é que o medo tem medo?

Começo com esta pergunta que, julgo eu, incita a uma profunda e séria reflexão. Afinal, de que é que o medo tem medo? A resposta é simples. O medo tem medo da coragem! Sim, da coragem. A coragem provoca as mudanças para aquilo que pretendemos e/ou desejamos. Mais, ela provoca-nos no sentido de ir à procura de soluções, levando-nos a sair do medo que nos prende e nos acorrenta, que nos impede (até) de sonhar e de ser quem queremos ser e/ou descobrir quem estamos destinados a ser. Mas atenção, a coragem não fica desprovida da virtude da prudência.


Confia!

A vida é dom de Deus e só a Ele devemos dar o protagonismo da nossa vida. Por isso, saber dar a Deus o papel e o lápis da minha vida é, a meu ver, o maior desafio das nossas existências. Como fazemos isso? Antes demais, permita-se deixar ajudar e conduzir por Ele. Permitir que Ele faça o desenho da minha vida é permitir que eu seja plenamente feliz e realizado.


Não temos tempo para perder tempo

Esta é a maior das verdades: o tempo é uma ampulheta que não pára e que nos exige ser tudo, no tudo do tempo e no tudo da vida. Esta consciência de finitude é essencial para compreendermos a necessidade cristã de conversão. Conversão é, antes de mais, um processo que nos possibilita e nos habilita a passarmos de uma vida de autorreferencialidade, mesquinha e medíocre, para uma vida marcada pela alteridade, pelo crescimento pessoal e pela santidade de vida.


Ser vida na vida de alguém

Num mundo marcadamente digital, em que as relações são cada vez mais porosas, circunstânciais e desprovidas de significado, a probabilidade de viver numa falsa ilusão de segurança e de pertença é uma realidade cada vez mais comum. Esta pretensiosa ilusão representa o deterioramento das relações inter-pessoais e inter-sociais. Na verdade, estar a sós com um outro, fazer silêncio para o escutar, para o ouvir e para o ver, é algo que hoje se tornou tão escasso e, concomitantemente, tão valioso.


Estás proibido de desistir de ti próprio

A vida é mesmo uma soma de acontecimentos que, infelizmente, nos passam completamente ao lado. Atordoados e envolvidos nas azafamas das nossas vidas e das nossas rotinas, a vida vai mostrando o seu lado mais escondido, mais belo, mais indomável e mais sedutor. Quantas vezes não vivemos sufocados nos nossos pensamentos, nas nossas inquietações, nas nossas obrigações e nas nossas prioridades? No fundo, vivemos centrados em nós mesmos, como que numa bolha, sem saber na verdade quem nós somos.


O acaso do “por acaso”

O acaso do “por acaso” não é acaso. Aliás, nada acontece por acaso. Basta ver as inúmeras pessoas que se cruzam na nossa vida. Cada uma dela traz consigo algo de novo, uma frescura que vai moldando o nosso coração e forma a ver o mundo e os outros. Se é verdade que as pessoas não entram por acaso na nossa vida, também é verdade que elas não permanecem por acaso nas nossas. E toda permanência implica, analogamente, uma relação, pois toda relação aporta abertura, novidade, superação e partilha. Portanto, abrirmo-nos ao outro é abrirmo-nos à beleza da novidade.


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