A adaptabilidade na crise
Continuação de edição anterior)
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A crise é sempre um processo de mudança, de saída de si mesmo; é ir para mais longe e ver de forma ampla e mais larga. E é pela via do sofrimento, pela via da disciplina que a crise suscita em cada um de nós a força que nos impulsiona e nos motiva para uma mudança assertiva e contundente, para uma transformação em ordem a um bem maior e a um bem-estar mais pleno e apaziguante.
O Papa Francisco vem reiteradamente alertando para a ‘cultura do descartável’ que o processo de globalização tem implementado na sociedade actual1. “Vivemos numa época marcada pela pressa, pela agitação e pelo imediatismo. Tais características são típicas de uma sociedade na qual a Globalização da Indiferença está enraizada e como tal produz efeitos nefastos, tais como, não compreender no outro o meu semelhante, o meu irmão, um prolongamento de mim mesmo.
Agosto rima com festa, praia, férias, família, encontros e música. É neste som que tantos de nós nos sentimos embalados. Na harmonia dos sons festivos do verão, somos embalados e conduzidos à natureza da nossa identidade. Cada festa de verão é uma festa de um povo, de uma identidade colectiva, de um ser e de um sentir que une e define.
A Inteligência Artificial é hoje um tema e um assunto central e nuclear. Ele econtra-se no centro da agenda política, industrial e social dos tempos hodiernos. Numa óptica mais pessoal, considero a Inteligência Artificial como aquela que dá início à terceira revolução industrial. É algo tão vital e incontornável que, das duas uma: ou eu me adapto e trabalho para a tornar mais humanizada ou ela implementar-se-á, quer queira ou não, nas dinâmicas mais simples e ordinárias da nossa vida quotidiana. Esta é uma realidade incontornável e um processo irreversível.
«A identidade nacional constrói-se numa dinâmica de confronto»
“Eu sou tu quando eu sou eu” (Paul Celan)
A sociedade moderna padece, como profeticamente Lipovetsky anunciou, de problema de individualismo e egoísmo únicos na história. Os indivíduos estão cada vez mais “absorvidos neles próprios” (LIPOVETSKY, 1989, p. 20) e a procura por uma identidade pessoal apresenta-se como um problema premente, indissociável das profundas modificações culturais em curso.
A este propósito, o Papa Francisco assevera que:
“Eu sou tu quando eu sou eu” (Paul Celan)
A identidade nacional (a portuguesa, em particular) resulta, inevitavelmente, dum processo de comparação com outras identidades e, em algumas circunstâncias, resulta numa reação de cariz mais bélica, quase numa tentativa última de afirmação da sua pertinência enquanto povo e nação.
O Papa Francisco, na sua linguagem sempre acutilante e assertiva, coloca-nos em confronto com a nossa mais íntima forma de ser e de estar, isto é, na atitude egocêntrica que habita no mais íntimo de mim mesmo: “diante da globalização da indiferença, a alternativa é humana” (FRANCISCO, 2013) .Curioso que o Cardeal D. Tolentino afirma que “o nosso ego é um ditador prepotente e caprichoso e se não o contrariarmos acabamos por viver uma vida absurdamente egoísta. Nós não somos o centro do mundo”. Aqui está o busílis da questão.
Eis um tema bastante polémico e que bem espelha uma certa e determinada tentativa de doutrinação ideológica da sociedade contemporânea.