Manuel António Gouveia

Ora cá temos, ora cá está!

Quando eu tinha doze anos e frequentava o segundo ano do Seminário de S. José de Vinhais, fiz parte de uma turma, cujo professor de Latim era uma pessoa entre o preocupado e o entusiasmante. De tal modo se manifestava que, ao explicar-nos uma regra gramatical que continha uma ou outra exceção necessária à construção frásica, invariavelmente batia com a mão aberta em cima da página da gramática em que essa regra estava escrita, enquanto exclamava: “Ora cá temos! Ora cá está!”. Nós gostávamos do gesto, e aprendíamos sem grande esforço.


Escritores de Pedestal

Portugal, além de outras suas notáveis personalidades, colhe particular orgulho nos poetas e prosadores, tanto mais que muitos deles ombreiam com os melhores do mundo. É natural, pois, que lhes reserve espaços condizentes com o mérito de cada um, de forma a que todo e qualquer cidadão os possa admirar no pedestal que para um e outro deverá estar reservado.


DO ALTO DOS OITENTA E TAL ANOS – O regresso às origens

É do conhecimento de todos que Portugal é um país de diáspora. Por todas as partes do Globo passaram e vivem portugueses: muitos a quem a sorte grandemente bafejou, e também muitos para quem a sorte não foi tão generosa. Resulta daí que aqueles, tendo lutado com a força, a coragem e o ânimo que a este povo são inerentes, conseguiram ultrapassar as dificuldades que, num meio desconhecido, foram encontrar, ali se fixaram, criaram riqueza e deixaram descendentes a quem proporcionaram uma vida melhor do que aquela que suportaram na sua terra natal.


O valor dos encontros pessoais

Não trago aqui nada de novo que possa acrescentar ao que toda a gente sabe quanto aos encontros de grupos que é normal realizarem-se anualmente: encontros de militares, de anos de conclusão de cursos, de famílias, de celebrações do ano de casamento e demais aniversários que marcaram a vida de muitas pessoas.
É por isso que creio de todo relevante trazer aqui a comemoração dos sessenta anos de curso do Magistério Primário de Bragança de 1962 – 1964 que vai já em dois anos de comemorações – um o ano passado, em Bragança e um este ano de 2025, em Fátima.


Parar é necessário

Na terrível e assustadora cavalgada de conflitos que desmesuradamente vai crescendo e que pode comparar-se a uma bola de neve, torna-se imperioso parar. Parar para, como acontece em assembleias desorganizadas, fazer o ponto da situação.
Ora o ponto da situação, como por muitos é bem conhecido, serve para parar com a desordem que se instalou e, serenamente ouvir com atenção aquele que, argumentando sobre o que está a acontecer, normalmente leva a que, com a devida calma, se restabeleça a ordem que de forma turbulenta foi quebrada.


Segundo poema no Dia da Mulher

Mulher, repara!
Fez-se noite de repente!
E a noite, maldosamente,
Aproveitou para esconder
O mal que te feriu no peito!
E porque a noite é de breu,
Não há forma, não há jeito
– Penso eu –
De encontrar
A dor que te fez chorar
E que, diabólica,
Em situação tão insólita,
Naquele momento,
Desapareceu com o vento!


Do alto dos oitenta e tal anos Da Terra para Marte e de Marte para a Terra

(Continuação da edição anterior)
Não tardou muito que, na Terra, se viesse a saber daquela viagem. E porque mais se soube sobre a sua habitabilidade, logo os beligerantes, ansiosos pelos previsíveis conselhos do deus da guerra, servindo-se dos mesmos meios que o senhor Eleutério e família utilizaram, imediatamente se fizeram transportar para aquele tão desejado Planeta, com todas as suas máquinas de guerra, acompanhados por alguns exploradores que procuravam usufruir dos bens que ali iriam encontrar.


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