Manuel António Gouveia

Este barulho insuportável

Vivemos rodeados de constante barulho.
A televisão, a rádio, os aviões, os anúncios publicitários, os cinemas, os automóveis, os trilhos dos comboios, os altifalantes nas manifestações, os pregões nas feiras; e, para além do estrondear dos foguetes, o significativo barulho dos carrocéis nos arraiais; e, também nos arraiais, o barulho dos conjuntos que dão animação aos bailes – todos eles são grandes fontes de poluição sonora que muitas vezes nos deixam perplexos e perturbados!


Dalguns rios jorra sangue e dos olhos brotam lágrimas

Há uns anos, nos nossos tempos de lazer ou de trabalho, íamos aos rios para tomar um banho refrescante, numa água corrente, suave, límpida, cristalina… ou, então, servíamo-nos dessa mesma água para lavar, regar, cozinhar… enquanto uma lúcida transparência nos deixava ver a grande variedade de peixes nos movimentos (e até, às vezes, parados), ora bruscos, ora leves, que a sua vivência, naquele paraíso, lhes exigia. 


A Família

Quem teve a oportunidade de acompanhar as transformações que aconteceram neste país, desde meados do século XX até hoje, poderá pensar, com natural constatação e compreensível admiração, que teve a oportunidade de viver em dois mundos antagónicos: o mundo da família estruturada e o mundo da família desestruturada, bem como o mundo do interior e o mundo dos subúrbios das grandes cidades, nomeadamente do litoral.


O pedreiro e a parede

Não há muito tempo, contratei um pedreiro, que se tinha como mestre, para reparar uma parede. Ao ir derrubando a parte que se encontrava pior, mais e mais ficava admirado com o que via. Para ele aquela parede tinha sido feita por um marreta. E não se cansava de desfazer dele que – dizia – tinha muito que aprender para exercer aquele ofício.


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