A opinião de ...

Seminário de S. José

Foi no último fim de semana de junho – dias 28 e 29 – que, no Seminário de S. José de Bragança, decorreu mais um encontro de ex-seminaristas e seus familiares, tal como, em todos os fins de semana deste mês, tem acontecido durante anos.
Contudo, se o companheirismo, a alegria, as recordações e as saudades que ali se manifestaram tenham sido um dos pontos altos do encontro, também, como nos últimos anos tem vindo a acontecer, foi manifestamente visível o reduzido número de participantes. E este é um facto que muito tem preocupado, tanto a organização dos encontros, como os próprios participantes.
Outro ponto alto que se relaciona com esta situação foi a visita do Bispo da Diocese, D. Nuno Almeida, que, no jantar de sábado, após manifestar a gentileza dum efusivo cumprimento de boas-vindas, nos acompanhou na grande preocupação que tem vindo a sentir-se – a da evidente desertificação do Seminário, no qual, por muitos anos, os vários espaços se enchiam de vida transportada pelos que, em qualquer momento da sua existência, eram chamados ao sacerdócio.
É verdade que, no percurso académico ali ministrado, muitos desistiram de alcançar aquele objetivo; mas não deixaram de levar consigo uma sólida formação, tanto ética como humanística, filosófica e teológica, decorrentes dos currículos ali ministrados, consolidada pela disciplina e bons hábitos que lhes valeram noutros caminhos que decidiram percorrer.
Uma sugestão que, nesse jantar, D. Nuno Almeida adiantou foi a ereção de uma Associação Privada de Fiéis que integre não só ex-seminaristas e respetivas famílias, mas também outras pessoas a quem poderemos vir a chamar-lhes “Amigos do Seminário de Bragança”.
A sugestão, (cujos objetivos, ainda em embrião, serão propostos, discutidos e votados após a constituição de uma Comissão Instaladora), se bem que muito necessária e motivadora, foi acolhida com algumas reservas, tendo o Senhor Bispo frisado que tal sugestão constituiu apenas a semente que poderá germinar e vir a criar um viveiro donde, na altura adequada, serão retiradas as plantas em crescimento que, metaforicamente, irão constituir os “Amigos do Seminário de Bragança”.
As acima referidas reservas nasceram da dificuldade em encontrar pessoas suficientes para a constituição, tanto da Comissão Instaladora como (mais difícil ainda) da Associação: motivação e vontade, sim, mas exequibilidade incerta.
Foi consensual que o Seminário de Bragança se demarcou como uma indelével referência a admirar e registar. De todas as partes do distrito chegavam, ansiosos e tímidos, adolescentes e jovens ao Seminário de S. José de Vinhais (presentemente em ruínas) que, passados alguns dias, se integravam na instituição, interagiam, conviviam e aprendiam, levando para as suas aldeias as primícias da educação e cultura que ali recebiam, passando mais tarde, para o Seminário de Bragança, onde completavam os estudos, fazendo ser-se respeitados e reconhecidos pelo exemplo e sabedoria que transportavam.
Que outra instituição como esta proporcionou, sobretudo aos mais carenciados, a faculdade de se prepararem, em princípio, para o sacerdócio, e também para adquirirem formação que lhes facilitasse o seu percurso de vida, resultando, entre outros, em: professores, especialistas nas várias áreas do direito, historiadores, matemáticos, arquitetos, engenheiros, médicos, cientistas, administrativos, políticos e conselheiros?
Quantos destes ex-seminaristas poderão vir a ser chamados “Amigos do Seminário de Bragança”?
Não há muitos anos este edifício beneficiou de uma renovação para conforto dos que nele habitam e virão a habitar.
Porque não a sua renovação em termos de mais vida e vigor que os futuros “Amigos do Seminário de Bragança” poderão proporcionar-lhes?
Um ex-seminarista

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4045

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