Editorial - António Gonçalves Rodrigues

Verão, uma lufada de ar fresco

O verão, e, sobretudo, os meses de julho e agosto, são uma lufada de ar fresco para o Nordeste Transmontano. Nem tanto pelas temperaturas, que nesta região tendem a corresponder a meses de ‘inferno’ mas mais pela dinâmica criada e chegada de visitantes ao distrito.
Ao longo destes dois meses em particular, as aldeias ganham vida e, mesmo as cidades, veem a sua população crescer exponencialmente. O movimento é percetível a olho nu e a economia local agradece.


Olhar para o passado para pensar o futuro

Há muito quem diga que, para avançar, não devemos estar constantemente a olhar para trás. No entanto, um olhar sobre a história permite-nos, mais não seja, precaver-nos contra erros já cometidos anteriormente, aprender com eles e agir de forma diferente no futuro.
Durante anos, a agricultura no Nordeste Transmontano foi passando pelo mesmo processo de abandono que afetou a região no seu conjunto, com uma diminuição da população que, desde meados do século passado, encolheu quase para metade.


Despovoamento leva a desertificação

Em janeiro, o Papa Francisco, falando de improviso para os membros da Associação Italiana para a Subsidiariedade e a Modernização dos Órgãos Locais, chamava a atenção para aquilo que apelidou de cultura do despovoamento, que Itália e outros países, como Portugal, enfrentam.
“Devemos levar a sério o problema da natalidade porque aqui está em jogo o futuro do país”, disse o Papa. “Ter filhos é um dever para sobreviver, para seguir em frente”, concluiu Francisco I.


A água na fervura

As eleições Europeias são, por tradição, pouco caras aos portugueses. Há cinco anos, a abstenção no distrito de Bragança superou os 70 por cento.
Mas, desta vez, talvez ainda imbuídos do espírito eleitoral motivado pela recente realização de eleições Legislativas (em março último), quase 40 por cento dos eleitores do distrito de Bragança foram às urnas, mesmo se não tinham nenhum representante seu em lugar elegível.


País a duas velocidades cada vez mais distantes

O Jornal de Notícias publicava, na semana passada, uma notícia que devia encher de vergonha todos os governantes deste país, atuais e passados.
Titulava o JN que o Litoral tem sete vezes mais verbas do PRR do que o Interior.
A notícia, em si mesma, não deveria causar grande espanto, tendo em conta os constantes despautérios de que os habitantes do interior do país são vítima.
Mas, dizia ainda o JN, “o agravamento das assimetrias colide com objetivos da União Europeia. É nas obras grandes que se registam os maiores atrasos”, lia-se.


Salvar vidas é um investimento, não um gasto

O ano de 2024 tem sido particularmente trágico para os agricultores transmontanos, com cinco vítimas mortais em poucas semanas na sequência de acidentes com tratores agrícolas.
O martírio costuma ser mais intenso em anos de invernos longos e chuvosos, que deixam os terrenos mais instáveis e a necessidade de se fetuarem trabalhos agrícolas a tempo dos prazos legais de limpeza de terrenos, a tempo de sementeiras ou na altura em que os pomares precisam de ser lavrados para não comprometer o desenvolvimento das árvores devido à concorrência das ervas daninhas.


Andar para os lados em vez de andar para a frente

Numa outra época, quando disputava campeonatos de todo o terreno em motociclismo, treinava muitas vezes com um amigo de infância, agora proeminente dentista em Bragança. Perante aqueles pilotos mais espalhafatosos, que gostavam de fazer derrapar a roda, dizia-me o Tiago muitas vezes: “quanto mais espalhafato, mais se anda para o lado. E quanto mais se anda para o lado, menos se anda para a frente”.
Estas palavras vêm-me muitas vezes à ideia quando vejo algumas medidas dos nossos governos.


Decisões

Decidir parece ser das ações mais difíceis para quem lidera. Às tantas, será algum efeito secundário da água que servem lá para as bandas de Lisboa. Só isso explica que tenham passado 16 anos para se tomar uma decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa que acabou por ser a mesma que já tinha sido tomada em 2008, por José Sócrates.
Entretanto, passaram por lá Pedro Passos Coelho, três governos de António Costa e aeroporto, nem vê-lo. Foi preciso tomar nova decisão...


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