A opinião de ...

Fátima ontem e hoje

Durante todo o mês de Maio fomos vendo, assistindo e, até, participando em inúmeras manifestações de fé e de devoção à Virgem Maria, particularmente a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, por toda a nossa amantíssima Diocese (e por todo o  país). A presença do Santo Padre, o Papa Francisco, como peregrino ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário em Fátima, veio confirmar o amor devocional, não só da Igreja como de toda a nação portuguesa à Virgem Maria. Até as ‘mais’ ilustres figuras públicas da nossa sociedade, e outras figuras dos mais diversos quadrantes quiseram marcar presença.
Fátima é hoje, como ontem, o epicentro da mensagem evangélica da Paz. Ela representa a teimosa perseverança de esperança! Fátima, e a sua mensagem, é o sinal visível da ‘fé’ de Deus na humanidade por Ele resgatada em Jesus Cristo. A Fátima recorrem uma panóplia de povos e línguas. Este cruzamento de povos e culturas, faz, hoje, de Fátima um tabernáculo de esperança no homem e na humanidade. Cada um expressa a sua unicidade, a sua mundividência, traz consigo a sua história, o seu passado, as suas dores e as suas alegrias, sem nunca, porém, perder a centralidade e a imutabilidade da linguagem da fé, do amor, do coração.  É isto que torna Fátima tão fascinante: ela revela tão belamente a unicidade da fé no único e verdadeiro Deus revelado, total e definitivamente, em Jesus Cristo. Fátima é a revolução do Amor Divino! Da multiculturalidade humana brota a única linguagem do coração: o idioma do amor!
A mensagem de Fátima convida-nos, permanentemente, a olharmos mais alto e mais lardo. Todos nós já fizemos a experiência de subir à montanha: à medida que a vamos subindo o horizonte torna-se cada vez mais amplo. Ou quando andamos de avião damos conta da pequenez escala do nosso horizonte, onde tudo se revela como pequeno e insignificante. Na vida espiritual, tal como em todas as dimensões da existência, somos convidados a deixamos os horizontes mesquinho e pequenos de um eu egoísta, violente e possessivo. É o caminho da humildade: ‘subir’ em direcção a Deus faz-nos reconhecer que o mundo da posse e das coisas são isso mesmo – coisas. E o medo de perder (ou de deixar de ter) foi e sempre será o caminho para o mal, para o pecado.
Eis que ressurge, com Fátima, a revolução do Evangelho: é a assunção do Tu!  Deste Outro que imprime em mim sentido, deste Outro que faz de mim melhor, deste Outro que me revela a ternura daquele que olhe e vive a partir do coração! José Tolentino Mendonça resume belamente o sentido da mensagem de Fátima: «O que é que Fátima sugere? Que se dê primazia ao coração e ao que ele significa!» 

Edição
3630

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