A opinião de ...

Solidariedade II

Inserida na Igreja de Santa Clara labora a Associação Entre-Famílias. A ausência de Bragança da sua principal responsável (presumo) impediu-me de obter informações e dados consistentes acerca das suas actividades, apesar da simpatia e esforços nesse sentido da jovem que me atendeu. Mas através de duas Senhoras que da Instituição recebem apoio espiritual e material ser relevante a sua acção. Os comoventes elogios à Associação e à Dra. Liliana que das suas bocas saíram e os olhos comprovaram foram de molde a perceber quão benquista é a permanente actividade de ajuda a quem precisa por parte desta Associação.
No Centro Social Santa Catarina a Técnica Social Dona Andreia desdobrou-se em esforços no sentido de eu conseguir com êxito «levar a carta a Garcia», ouvindo e anotando saberes depositados na memória de pessoas idosas que não devem desaparecer quando da sua finitude. No decorrer das indagações desfiz uma dúvida, recolhi confirmações. Obrigado Dona Andreia.
Junto ao Santuário de Cabeça Boa, em instalações operativas e bem cuidadas (o visto e observado) leva-me a assim o julgar, a Fundação Betânia recebe mulheres e homens, ali encontram lenitivo para toda a espécie de males, menos um: a saudade. Porque profiro semelhante afirmação? Porque no decorrer de fascinante troca de opiniões com uma Senhora de provecta idade a determinado momento tocou o seu telemóvel. Atendeu, de imediato principiou a sorrir, foi-o alargando, alargando. Era o filho. Não a pode visitar diariamente, mas nunca se esquece de lhe telefonar mais do que uma vez ao dia. Mas as saudades…
O Centro Social e Paroquial de Santo Condestável deu-me a sensação de ser um Centro comunitário inter-classista e inter-geracional onde a vivacidade, a vontade de conformidade na desconformidade, o fomento do respeito pelas desempenho palpável e diferenças de idade e a integração entre urbanos e rurais são retórica estiolada, logo vã.
É bem provável que tudo quanto escrevi sobre as Instituições de Solidariedade que visitei sofram de um desfoque aqui e acolá, acredito que em estada ao modo de voo de pássaro não permite opiniões sustentadas, aceito ser criticado pelo atrevimento de tecer considerações relativamente a instrumentos de acção e apoio a pessoas fragilizadas, doentes, retiradas dos suas Lares, sem os conhecimentos precisos. Mas caro leitor: durante uma semana procurei na observação minuciosa dos detalhes, no fixar de olhares, no visionamento de ângulos procurados pelos fotógrafos e, sobretudo, encarando e falando com as mulheres e homens intuir qual era a temperatura emocional existente em cada uma das Instituições. A uma responsável relatei um senão comunicacional, a outro fiz observações. Aquilo que transmiti foi recebido sem acrimónia, antes como aspectos a rectificar.
Um dado julgo não ser passível de dúvida: a missão de tratar idosos é áspera. Muito melindrosa. Todos quantos alcançam avançada idade voltam a ser meninos. Birrentos, traquinas, ciumentos. Procurarei lá chegar.

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