Entrevista a Hernâni Dias - Presidente da Câmara de Bragança

“Zona Industrial das Cantarias é a grande aposta para criar emprego e fixar gente no concelho”

Publicado por António G. Rodrigues em Sex, 2016-02-19 10:03

Na primeira grande entrevista desde que foi eleito presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias fala do presente, não se esconde do passado e aponta já ao futuro. Fala da ligação a Jorge Nunes e das grandes apostas ainda por concretizar.
Mensageiro de Bragança: Que balanço faz deste seu primeiro mandato até agora?
Hernâni Dias:
Considero que, ao longos destes dois últimos anos, num contexto de maior dificuldade, fruto das medidas de austeridade impostas pela Troika e pelo facto de o novo quadro comunitário ainda não ter tido impacto na implementação das medidas e dos projetos que tínhamos definido, temos feito um trabalho muito importante, pelo que o balanço é muito positivo.
Estamos a fazer um trabalho mais difícil de percecionar pelos cidadãos, que é dar a conhecer o nosso território (urbano e rural), com vista à captação de investimento, de visitantes/turistas, de animação da cidade, da revitalização do centro histórico, da consolidação de eventos de referência e da criação de novos, capazes de estimular o envolvimento e o sentimento de pertença dos brigantinos, elevando a sua auto-estima e orgulho pela cidade, sem nunca esquecer o equilíbrio das contas municipais, (segundo o anuário financeiro 2015, ocupamos o 4º lugar na região norte) permitindo-nos ter prazos médios de pagamento muito baixos. Digo que o trabalho é mais difícil porque se baseia mais no “imaterial”, em detrimento da construção física.
A nível económico, destaco a captação de investimento para o concelho. A grande conquista foi mesmo o reforço da Faurecia em Bragança com a criação de 500 novos postos de trabalho. Isso permitiu, também, que outras empresas viessem acopladas a ela e hoje estão a criar postos de trabalho na zona industrial de Mós, onde temos os terrenos completamente esgotados. A estratégia foi a redução significativa do valor por metro quadrado dos terrenos e isso permitiu que a lotação ficasse esgotada. Reduzimos para quatro euros o metro, sendo que uma empresa que crie até 20 postos de trabalho paga apenas um euro por metro quadrado. É uma forma de criarmos emprego e fixarmos pessoas aqui na região.
Por outro lado, destaco o regresso da feira das cantarinhas ao centro da cidade; a inauguração do Parque de Ciência e Tecnologia Brigantia Ecopark; a realização da banca na praça e apoio à realização de feiras em várias aldeias do concelho, como forma de dinamização da economia local ligada ao setor primário; redução da taxa de IMI para praticamente a taxa mínima (em 2017 estará no mínimo legal); e também já está adjudicada a ampliação da Zona Industrial (ZI) Cantarias.
A nível da ação social, a adjudicação da reabilitação do Bairro Social da Coxa, com um investimento de mais de um milhão euros; apoio às instituições de solidariedade social e às famílias mais carenciadas; redução de 70% da fatura de água para as famílias carenciadas; apoio às crianças posicionadas no escalão 3 do abono de família, com desconto de 25%, no que concerne à parte escolar.
A nível da mobilidade, área que nos tem merecido grande atenção: repavimentação das estradas municipais Mós-Paredes e Pinela-Santa Comba de Rossas, investimento próximo de 1,5 milhões de euros; arranjo das entradas da cidade, investimento de cerca de 350 mil euros; construção de rotunda junto aos Serviços Socias do IPB; reparação/reabilitação de passeios em diversos bairros da cidade e construção de novos; temos em estudo os projetos de intervenção nas avenidas Sá Carneiro e João da Cruz, processo que será desenvolvido em articulação com os cidadãos, no sentido de se definir, conjuntamente, a intervenção a realizar.
A nível da animação e dinamização: o regresso da volta a Portugal em bicicleta, 14 anos depois; consolidação de eventos como o Carnaval dos Caretos, Mascararte e a Festa da História; criação dos eventos Terra Natal e de Sonhos, com o sucesso que é reconhecido por todos, da Orquestra Fervença, da semana da Juventude, entre outros eventos de dinamização da cidade, com grande preocupação para a Zona Histórica.
Estamos a concluir a construção do Centro de Interpretação da Cultura Sefardita e a adjudicação do Memorial da Cultura Sefardita, ambos na Zona Histórica (investimento de aproximadamente 1,5 milhões de euros); está em construção mais uma residência universitária e a reabilitação de dois imóveis na zona histórica para alojamento de famílias, como forma de revitalização desta zona da cidade.
Mas  o grande projeto que temos, que é a ampliação da Zona Industrial das Cantarias.

MB.: É para o que ainda falta deste mandato?
HD.:
A Zona Industrial das Cantarias é a aposta da autarquia para este mandato.
É, sem dúvida nenhuma, o projeto mais importante, aquele que nos permite captar investimento e novas empresas, fixar mais gente no concelho.
É aí que são criados mais postos de trabalho. É um projeto de cerca de quatro milhões de euros. Já está adjudicada a obra, falta apenas o visto do tribunal de Contas. Logo que autorize o processo, assinaremos o auto de consignação para o início das obras.
É, de facto, um projeto muito importante. A nossa missão é conseguirmos apostar no desenvolvimento do concelho e só o conseguiremos fazer se tivermos um tecido empresarial mais forte, para as pessoas terem trabalho e se poderem fixar na região.
Estamos abertos a todas as empresas que se queiram aqui fixar, sendo que este projeto estará intimamente ligado ao Parque de Ciência e Tecnologia.
É um equipamento extremamente importante, com muito potencial de crescimento.
MB.: Já lá iremos. Ainda em relação à ZI, na prática o que vai acontecer?
HD.: Vai ser ampliada em mais 30 hectares, em direção à cidade, ou seja, no sentido Norte, e serão criados 45 novos lotes de terreno, devidamente infraestruturados, que permitirão a instalação de várias empresas. Temos já variadíssimos pedidos de empresas que pretendem instalar-se. Algumas já existem e outras querem vir para Bragança. São investimentos de muitos milhões de euros. Isso permitirá que o espaço mais amplo dê outra capacidade de instalação de empresas em Bragança.

MB.: Os preços serão controlados?
HD.:
Os terrenos serão da autarquia e o grande objetivo é conseguirmos ajustar preços mais ou menos simbólicos, de forma a que as empresas ganhem vantagem competitiva logo quando se pretendem instalar.

MB.: Os acessos a partir do Campo Redondo serão melhorados?
HD.:
Há ali um pequeno estrangulamento numa zona onde existe um pequeno armazém. Já tentámos negociar com o proprietário para ver se conseguíamos alargar ali a estrada, até porque melhorámos o acesso por ali à Zona Industrial.

MB.: E vai ser feito agora?
 
(Entrevista completa disponível para assinantes ou na edição impressa)

 

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