Editorial

António Gonçalves Rodrigues // Qui, 08/04/2016 - 10:32

Pelo menos entreguem o boletim...

Texto

Era uma vez um crente e com uma fé enraizada. Todas as semanas pedia a graça de Deus para o ajudar na hora do sorteio do Euromilhões. E, invariavelmente, todas as semanas via outros a fazerem a festa. Mas a sua fé permanecia inabalável e a confiança recrudescia a cada novo sorteio.
Todas as semanas pedia a ajuda divina, até que o próprio Pai não aguentou mais e dirigiu-lhe uma mensagem clara: “Eu até te ajudava. Mas ao menos faz o esforço de entregar o boletim”.
Esta é uma daquelas pseudo-anedotas que se vão encontrando na internet, mas que ilustra bem ao que muitas vezes vamos assistindo.
O passado fim de semana foi marcado por duas exceções que confirmam a regra. Foi o fim de semana de chegada de emigrantes à terra e, simultaneamente, coincidiu com a presença da caravana da Volta a Portugal  em Bicicleta no Nordeste Transmontano. Sábado em Macedo de Cavaleiros, com uma chegada de etapa, domingo em Bragança, com a partida de uma das mais importantes tiradas de toda a competição, a que termina na Sra. da Graça.
Atrás dos ciclistas vieram familiares, amigos, elementos das equipas, jornalistas ou apenas aficionados.
O centro da cidade de Bragança encheu-se de gente, contrariamente ao que é habitual, e de lojas encerradas. “Felizmente, lá abriram os cafés”, comentava alguém, meio a brincar, meio a sério.
De facto, esta foi uma oportunidade perdida por muitos comerciantes tradicionais, que poderiam ter aproveitado para fazer negócio, mostrando olho, pois durante o resto do ano restam apenas as queixas e os lamentos. E não foi por falta de tempo que muitos mantiveram os estabelecimentos fechados, pois alguns até se deslocaram à Praça Cavaleiro Ferreira para ver passar a caravana, num dia em que se permitia a abertura dos estabelecimentos.
Uma situação de que muita gente se vai queixando na cidade, ou seja, a falta de estabelecimentos de restauração, por exemplo, para acolher grupos ao fim de semana ou para comprar uma simples lembrança do Nordeste Transmontano, já não falando de um local para degustação de produtos. E se não for em alturas em que a cidade até tem gente, não é quando ela está vazia que o negócio se vai fazer.
Como se costuma dizer, a fé move montanhas mas convém ir empurrando enquanto se reza...


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