Nordeste Transmontano

Falta “coragem política do Governo” para que o Plano de Mobilidade do Tua avance

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2023-02-09 16:03

Falta “coragem política do Governo” para que o plano de mobilidade do Tua saia do papel e se torne uma realidade. A garantia é deixada pelo próprio presidente da Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, Pedro Lima, também presidente da Câmara de Vila Flor.

Em declarações aos jornalistas, o autarca do PSD frisou que já foram investidos 17 milhões de euros na segurança da linha e que a criação do plano de mobilidade era uma das condições da Declaração de Impacto Ambiental para viabilizar o empreendimento hidroelétrico do Tua, em funcionamento há cinco anos.

“Como é que justificamos que depois de cinco anos de produção hidroeléctrica, após 17 milhões de investimento, cinco municípios, vários governos e dois concessionários não se consegue por a linha do Tua em funcionamento? Todos nós ouvimos as declarações do anterior Ministro das Infraestruturas, que disse que tinha ideias e soluções. Acho que falta muito pouco, falta desbloquear o licenciamento da linha. Eu acho que, acima de tudo, vai ser necessário, para dar este último passo, coragem política”, frisou Pedro Lima.

O autarca de Vila Flor diz que cabe ao Estado o licenciamento da linha, passo decisivo para que o operador privdo, o empresário Mário Ferreira, a quem foi entregue a concessão do serviço, possa avançar.

Certo é que o atraso já levou mesmo Mário Ferreira a anunciar a desistência do projeto.

Para já, Pedro Lima diz acreditar que o desfecho possa estar “para breve”.

O sistema de mobilidade do Tua é a principal contrapartida pela construção da barragem, que deixou submersos 23 quilómetros da emblemática linha de caminhos de ferro, que servia as populações dos concelhos de Carrazeda, Mirandela e Vila Flor, no distrito de Bragança.

A DIA (declaração de impacto ambiental), que definiu as condições em que a barragem podia avançar, previa a criação de um sistema que incluía comboio, barco e autocarro para efetuar o transporte de passageiros.

Desde 2017 que a locomotiva e as carruagens, já adquiridas, estão paradas em Mirandela.

Os equipamentos necessários para os passeios de barco na albufeira e para que o comboio regresse à linha estão preparados e à espera de luz verde para começarem a operar.

Esta linha é considerada “fundamental” para alavancar o turismo na região.

Artur Cascarejo, diretor do Parque Natural do Vale do Tua (outra das medidas de compensação pela barragem), explica que “o regresso do comboio era fundamental para dar mais dimensão em termos quantitativos” ao turismo naquela região, que engloba, ainda, os concelhos de Murça e Alijó, no distrito de Vila Real.

“Aquilo que o parque tem feito, faz-se com ou sem comboio. Ao longo dos anos, desenvolvemos a atividade do parque em três domínios: conservação da natureza e biodiversidade, em parceria com um centro de investigação da Universidade do Porto. Um dos exemplos mais emblemáticos foi a utilização dos morcegos para eliminar as pragas agrícolas; uma segunda componente, de turismo da natureza, onde temos os percursos pedestres, mas, também, um conjunto de centros de observação de birdwatching e astro-turismo. O parque é um dos três únicos centros de observação das estrelas em Portugal, para além do Alqueva e das Aldeias de Xisto; lançámos, ainda, a incubadora do Tua. Somos o único parque que tem uma incubadora certificada, que tem ajudado a desenvolver empresas no território, atraindo pessoas que se vão fixando ou outras que saíram por algum motivo e agora querem regressar", disse.

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