A opinião de ...

O momento político - 1 Responsabilidade, vergonha e dignidade exige-se

E pensávamos nós que em Portugal já se vivia numa democracia exemplar, estável, moderna e avançada. Puro engano.
Bastaram duas semanas deste outono para que a geringonça, que iludiu tanta gente, da qual o agora demissionário governo se orgulhava, revia e apoiava, se desengonçasse, sem honra nem glória feita em cacos e sem hipótese de recuperação, (e ainda bem) condenada a morrer corroída pela sua própria ferrugem, que a deixou sem qualquer hipótese nem interesse em prolongar-lhe a mais que anunciada agonia, restando-lhe agora viver com alguma dignidade os previsíveis poucos dias que ainda lhe poderão restar dos “seus efémeros tempos de glória”, para depois de compactada num monte de sucata, ser reduzida a escória nos altos fornos da siderurgia nacional, porque… “sic transit glória mundi”!
Merecia outro melhor fim?
Talvez, mas, fatalmente, é isto que acontece a quem ergue castelos sobre a areia, acabando tudo por ruir ingloriamente como frágeis baralhos de cartas.
Depois, direta e incómoda a pedir respostas objetivas, claras e exequíveis, respostas essas nem sempre fáceis nem agradáveis, aí estão as mesmas perguntas de sempre : Quem, como, porquê e para quê?
Com bom senso e sentido de estado, poderia tudo ter acontecido de forma diferente se esta decisão irracional de chumbar o Orçamento de Estado para 2022 não tivesse acontecido no atual quadro político, económico e social, condicionado por fatores adversos como a pandemia, a conjuntura internacional e até a nossa lei eleitoral, velha e caduca, dos tempos do lápis e do papel, a exigir uma urgente, rápida e profunda revisão.
Contra tudo o que delas seria de esperar na atual situação, as atuais forças políticas, numa grave demonstração de insanidade, continuam a brindar-nos com uma verborreia insuportável e ridícula, acabando assim por destruir a pouca credibilidade que lhes restava, não vendo que, para fazerem o que fizeram, era melhor estar quietos e, para dizer o que dizem, mais lhes valia estar calados.
Mas, contumazes na asneira, continuam a obrigar-nos a ouvir as coisas mais mirabolantes, desde o primeiro ministro a dizer que “fez todo o que podia”, (o que acabou por ser insuficiente, portanto…), até ao presidente da república a lembrar que “é como é” e que “se dança com quem estiver na roda”, ( e isso já todos nós sabíamos…). Sobre a intervenção do Presidente da República nesta crise, houve quem dissesse que ele “é imprevisível”, “é um fator de instabilidade” e também que ele “avisou em devido tempo qual era a sua intenção”, não faltando mesmo quem tentasse justifica-lo, alegando que “ ele não votou na Assembleia da República”, e sobre o OE tanto se disse que “ é péssimo para o país”, “é o mais importante para o SNS” como que “era o OE mais à esquerda”.
Na perspetiva de voltar a este assunto, termino com a notícia divulgada por uma Agência de Rating, informando que “Seguem muito de perto os desenvolvimentos da política em Portugal”.
Compreenderam bem, ou é preciso explicar?

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