A opinião de ...

Senhor Presidente, afinal como é tão difícil “ser regedor” na nossa terra!

Face aos últimos desenvolvimentos da notícia do envolvimento de alguns militares, (felizmente poucos), em negócios de ouro, diamantes, estupefacientes e similares, tenho de reconhecer que me enganei redondamente no comentário sob o título “Digam à gente, por favor, para onde levam o meu país” publicado na página oito da edição anterior deste jornal, que terminei afirmando:
“Senhor Presidente, (da república), o senhor sabe bem que deve haver limites para tudo”.
Mas, lamentavelmente, até parece que não há.
Depois da divulgação do mais que provável envolvimento de alguns elementos das forças armadas destacadas na República Centro Africana numa rede criminosa de contrabando de diamantes, ouro, estupefacientes e fuga ao fisco, não foi preciso esperar muito tempo para que não ficasse qualquer dúvida de que tudo o que então tentaram transmitir para a opinião pública, não passava de uma história mal engendrada e muito mal contada, fazendo lembrar as histórias da carochinha contadas para adormecer as crianças, e as célebres “contas de caminho”, que antigamente corriam de boca em boca pelas nossas aldeias, fruto, quase sempre, da imaginação fértil dos seus autores e adaptadas às circunstâncias do momento, utilizadas pelas nossas gentes para aligeira as delongas das intermináveis caminhadas do seu dia a dia, histórias que, de tantas vezes contadas e recontadas, acabavam por ser aceites como se de verdadeiras cronicas do seu dia a dia se tratasse.
Sobre este assunto, não se percebendo bem se para se autojustificar ou, sabe-se lá porquê, também para assumir as dores de parto da difícil situação em que o senhor ministro da defesa se envolveu (ou foi envolvido), transcrevo na integra a mais recente e paradigmática intervenção pública do Senhor Presidente da República divulgada pelos órgãos da comunicação social, deixando a cada um a liberdade de a entenderem e interpretarem como quiserem, na qual o Senhor Presidente afirmou perentoriamente:
“Pelos vistos o erro é meu. Qual é a pequena diferença?
Eu entendi, fiquei com a impressão que o Senhor ministro, (da defesa),tinha tomado essa decisão na base de opiniões jurídicas, não disse escritas, chamei-lhes pareceres jurídicos. O senhor ministro esclareceu que não, que foi de acordo com a sua interpretação jurídica, com a qual eu concordo, como tinha dito na altura, tinha dito na véspera, e repeti ontem e anteontem.
E, portanto, o Senhor ministro, apesar de não ser jurista e não ter ouvido opiniões de juristas, teve, a meu ver, a interpretação jurídica correta, e isso é o que interessa aos portugueses”.
Não é bem assim, julgo eu, porque, refletindo bem, o que interessa a muitos portugueses é muito mais do que isso, e o Senhor Presidente, mais do que ninguém, sabe, ou pelo menos devia saber, o que realmente interessa à grande maioria dos portugueses que o elegeram.
Ou, azar meu, será que estou enganado outra vez?

Edição
3861

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