Igreja de São Miguel, Fermentãos. “Príncipe da Milícia Celeste”!
A aldeia de Fermentãos pertence à freguesia de Sendas, juntamente com Vila Franca, situada 29km a Sul de Bragança. Povoado medieval, em meados do século XIII designava-se Foramontãos ou Formadãos, sabendo-se que, no reinado de D. Dinis, existiam casais pertencentes ao Mosteiro de Castro de Avelãs e à Ordem do Hospital de Jerusalém. Tem, como templos católicos, a Igreja Matriz seiscentista de São Miguel, implantada no centro do povoado, a Capela de São Sebastião e as capelinhas das Almas e do Padre Cruz. Em 1758, a Igreja Matriz, além do Altar-mor dedicado a São Miguel, tinha na nave os altares de São Sebastião e de Nossa Senhora da Assunção. Relativamente ao pároco, era apresentado pelo Reitor de Salsas, usufruindo como «Congrua trinta e Sette Alqueires de pam, dezanove de trigo, e dezassete de Centeio, Seis mil Reis em dinheiro, vinho onze almudes» (Memórias Paroquiais). Segundo Carlos Prada, teve Confraria do Santíssimo Sacramento, entre 1790 e 1879.
A Igreja tem frontispício de granito e portal de verga recta, encimado por óculo quadrilobado, na direção do eixo. O pano é entroncado por cornija ondulada, de duplo bordo, onde assenta campanário de dupla sineira, com arcos de volta perfeita e desenhos geométricos decorativos. É sobrepujado por Cruz latina sobre acrotério, ladeada por pináculos piramidais. A ala esquerda tem escadas em ferro, de acesso ao campanário, e saimento da sacristia. A direita, porta de entrada na nave e janela retangular gradeada, de moldura ondulada, cornija no topo superior e pendentes no inferior. A estrutura referente ao presbitério, mais estreita que a da nave, tem idêntica janela e a parede de topo, cega, apresenta dupla cornija e Cruz ladeada por pináculos.
No interior, situa-se o coro-alto, pia baptismal e pia de água, na área fundeira. No lado do evangelho da nave consta o púlpito. Adossados ao arco triunfal, expõem-se dois altares colaterais semelhantes, do barroco joanino, de eixo único, em talha policromada e dourada. O do evangelho é dedicado a Nossa Senhora da Assunção, o da epístola a Jesus Crucificado. As mesas são em forma de urna sacrificial. Os retábulos têm duas colunas salomónicas de capitel a remeter para o coríntio e quatro pilastras, em arquivoltas formando o ático. Estão decoradas por pâmpanos, acantos, putti, querubins e fénices. O da Virgem, conta com sanefas e festões, cartela no ático com dedicatória «A AVE M» e um presépio no espaço do sacrário. O de Cristo, contém no ático cartela com Coração Eucarístico e dois anjos músicos. O tecto tem três pinturas em losango, a do meio alusiva ao Arcanjo São Miguel e as outras com tiara pontifícia.
O arco triunfal, de granito, apainelado e a remeter para o dórico, concede entrada para o presbitério, que foi intervencionado, Altar-mor incluído, em 2023. Com mesa paralelepipédica, o retábulo, de três eixos, em talha policromada e dourada, segue um decorativo de registo barroco, através de putti vestidos, querubins, anjos músicos e acantos, sobressaindo ainda as sanefas bordeaux no dossel do sacrário e a delimitar o coroamento do ático. No camarim expõe-se o Sagrado Coração de Jesus, sobre trono expositivo. Os eixos laterais, delimitados por colunas torsas e pilastras com anjos atlantes, acolhem imagens de Santa Rita de Cássia e do Orago São Miguel. Para o ático, evoluem duas arquivoltas idênticas às colunas. No tecto existe pintura de Deus-Pai e no lado da epístola abre arcossólio a dar entrada para a sacristia.
Referência para a presença de sepultura rasa granítica, com inscrição e simbologia relevada. Embora parte da informação esteja gasta, apurámos tratar-se de «Bernardo Baptista da Fonseca e Sousa, cavaleiro da Ordem de Cristo». Figura nobiliárquica de Bragança, foi superintendente das coudelarias da Comarca de Bragança, por decreto régio de 1761. Nasceu em 1725 e, pela inscrição tumular, faleceu em 180 e …5? Quanto ao escudo heráldico, está dividido em quatro quartéis, sendo parte do registo de difícil identificação. Como o próprio foi autorizado, por D. José I, em 1756, a utilizar o escudo das armas dos Machados, Fonsecas, Sousas e Morais ….
