FUTEBOL

“Não é fácil chegar ao topo, é preciso sacrifícios, trabalhar e querer, querer muito.”

Publicado por Guilherme Moutinho em Qui, 2020-05-28 12:44

Pedro Miguel, central de 20 anos, do Grupo Desportivo de Chaves Satélite, é um exemplo de sucesso com base no trabalho e sacrifício. O jovem brigantino, que um dia sonhou ser avançado, é um nome a seguir no Campeonato de Portugal. Em entrevista ao Mensageiro de Bragança, Pedro Miguel reflete sobre as dificuldades do futebol brigantino e a afirmação de jovens talentos no, competitivo e difícil, mundo do futebol.

 

MdB - Cumpres a tua quarta época no Grupo Desportivo de Chaves. Conta-nos o teu percurso como futebolista?

PM - Desde muito cedo comecei a jogar futebol, com 5 anos para ser exato. O meu percurso começou no G.D. Bragança, onde como não havia competição naquela idade, apenas treinava no campo de futsal que há debaixo de estádio principal com rapazes da minha idade. Era, basicamente, só jogo o treino todo, mas divertia-me imenso! Depois, os anos foram passando e fui evoluindo cada vez mais até chegar ao futebol de 7, onde acabei por me destacar mais e daí ter recebido uma carta do S.L. Benfica para ir fazer provas ao clube e onde acabei por assinar um ano, isto com 10 anos. Mas como ainda era muito jovem para ir logo para o Seixal, decidiram que iria ficar no Centro de Formação e Treino do S.C. Benfica, em Viseu, que tinha Protocolo com o Benfica e ficava mais perto de Bragança. No entanto, não havia as autoestradas que há hoje e por isso treinava em Bragança, no clube Mãe d'Agua e jogava em Viseu. Tinha de me levantar às 5h da manhã para ir jogar a Viseu às 10h da manhã! Era cansativo, mas foi um esforço que não me arrependo de fazer, pois aprendi muito durante esse tempo. Entretanto, acabei por regressar a Bragança no fim desse ano com uma experiência incrível, e fui jogar para o Mãe de água onde acabamos por ser campeões distritais de infantis. No ano seguinte, foi o meu primeiro ano de Iniciados, fui jogar para o G.D. Cachão, que na altura estava a competir nos campeonatos nacionais e assim teria mais possibilidades de ser visto por clubes maiores. Foi mais um teste à capacidade de sacrifício, pois mais uma vez não havia as estradas que há hoje e tinha três treinos por semana, mais o jogo ao fim de semana a que eu nunca faltei, estava sempre presente nos treinos e nos jogos. Acabei por ficar lá os meus 2 anos de iniciado e agradeço todo o apoio e carinho que me deram enquanto lá estive, todos me receberam de braços abertos e não me deixaram faltar nada. No meu primeiro ano de juvenil acabei por ir para o Montes Vinhais, pelo mesmo motivo que fui para o G.D. Cachão. Era a única equipa nos campeonatos nacionais e mais uma vez os meus pais tiveram que fazer sacrifícios para que pudesse aguentar mais um ano num clube longe de casa. Tínhamos na mesma três treinos por semana e o jogo no fim-de-semana e em que eu mais uma vez, estava presente em todos eles. Esse acabou por ser o ano que me destaquei mais e por isso acabei por assinar com o G.D. Chaves. No primeiro treino, no G.D. Chaves eu fui catalogado como avançado mas decidiram colocar-me a defesa central, devido à minha altura. Fiquei sem perceber no início, mas conforme os treinos foram passando fui-me habituando à posição. O mais difícil de tudo, nesse ano, foi o ter ido, em definitivo, para Chaves e viver na Academia do G.D. Chaves. Foi o primeiro ano longe da minha família e dos meus amigos e por isso sentia-me triste e com saudades de todos eles. Com o tempo fui-me habituando e acabei por evoluir muito, pois os treinos são muito intensos e treinamos quase todos os dias. Estou muito grato pela experiências que passei pela minha vida e espero vir a passar por muitas mais. Tenho agora 4 anos com o emblema do Chaves ao peito e agradeço tudo que têm feito por mim, é um clube com excelentes condições e excelentes pessoas.

 

MdB - Qual o perfil do jogador Pedro Miguel?

PM - O meu perfil enquanto jogador, enquadra-se em ser agressivo, rápido, bom no desarme, com boa construção e leitura de jogo. Penso que são essas qualidades que destacam o meu perfil de jogador, tentando sempre melhorar os meus aspetos menos bons e aperfeiçoar os bons.

MdB - A tua caminhada no futebol tem sido sustentada. Que característica ou características deve ter um jovem atleta para conseguir singrar no universo futebolístico?

PM - As características que posso indicar, por experiência própria, é que um rapaz que tenha o sonho de ser jogador de futebol e viver disso, tem de ter muita força de vontade. Não é fácil chegar ao topo, é preciso sacrifícios, trabalhar e querer, querer muito. Apesar de que mesmo assim é possível não chegar lá. São muitos os jovens que se perdem pelo caminho e acabam por desistir desse sonho. O que recomendo é que não se deixem influenciar por ninguém nem que se deixem ir abaixo por "bocas" ou por dizerem que não vão chegar a lado nenhum. O importante é concentrarem-se em vocês próprios e acreditar que é possível, sempre trabalhando para ser melhor. Isso é meio caminho andado para o sucesso, seja no futebol ou outra área qualquer.

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