A opinião de ...

Ronaldo: O Mais Virtuoso e Solidário Futebolista do Mundo

No dia seguinte à memorável vitória contra a Suécia, em 14 de Novembro de 2013, que carimbou o passaporte da nossa selecção para o mundial de futebol do Brasil, chamou-me a atenção a manchete de um certo jornal desportivo, do qual não tenho presente o nome: “O mundial de futebol não era a mesma coisa sem a presença de Ronaldo”.
Do que se viu neste campeonato, pelo mediatismo suscitado em torno da sua figura, ficou provado que o jogador madeirense é, efectivamente, mais do que qualquer outra figura no planeta, seja na política, na música, ou no cinema, uma personalidade a que ninguém fica indiferente. Do Alasca à Nova Caledónia, da África do Sul à Noruega, toda a gente pronuncia e reconhece o nome de Ronaldo.
Mas, não obstante Ronaldo ser o mais representativo símbolo da nação portuguesa, como é evidente, não colhe a simpatia e a admiração de todos os seus compatriotas. Estranha e pateticamente, a falta de consenso generalizado em torno de CR7 deve-se não ao reconhecimento de que ele é o melhor entre os demais, mas, em grande parte, à sua “arrogância” e ao “culto do corpo”. Uma ideia reforçada na justificação da prestação medíocre que a nossa selecção evidenciou neste mundial. Ou seja, em laivos de mesquinhez, à boa maneira portuguesa, houve quem associasse o insucesso dos patrícios aos penteados de Cristiano Ronaldo.
Como de tácticas futebolísticas percebo pouco, e desconhecendo por completo as causas da prestação sem glória da turma das quinas na “copa” do Brasil, estou, no entanto, ainda que sem o rigor que o assunto requer, em condições de traçar o perfil psicológico do capitão da selecção portuguesa, contraditando, assim, os errados juízos de valor que alguns fazem em relação à figura mais simbólica e representativa da nossa portugalidade.
Ronaldo nasceu no seio de uma família pobre. Não teve uma infância fácil. Subiu na vida a pulso. Apesar de hoje ser uma das dez pessoas mais influentes do mundo, não esquece as origens. Proporcionou à família e aos amigos mais próximos o conforto que jamais imaginariam ter. Ou seja, um percurso de vida que deveria suscitar em todos nós, pelo exemplo, um forte sentimento de admiração.
Ronaldo não é só movido pela “obrigação moral” de ajudar a família. Não se associa ao drama alheio, para ficar bem na fotografia. Fá-lo, desinteressadamente, sem nada em troca, por caridade, porque tem bom coração O craque português, por esse mundo fora, não tem paralelo no que diz respeito ao envolvimento na causa solidária. O mais recente gesto, longe de ser isolado, de custear, na totalidade, a intervenção cirúrgica (no valor de 60 mil euros) do bebé de 10 meses, natural de Toledo, mostra bem a dimensão humana do jogador do Real Madrid.
Perante esta realidade, estou plenamente convencido que as pessoas que consideram Ronaldo arrogante e pouco humilde, o fazem por ignorância, ao desconhecerem que certos comportamentos públicos, dentro e fora do campo, estão longe de serem definidores de traços de personalidade. Quando muito, naquele contexto em que é permanentemente sujeito ao sufoco mediático, podem e devem ser interpretados como uma espécie de activação de mecanismos de auto – defesa.
Mais do que um texto laudatório a Cristiano Ronaldo, pretendi, com esta proclamação, fazer a apologia da virtude e da grandeza humana. Valores que não podem ser negados, apenas porque quem os personifica, se exibi com um penteado mais ou menos extravagante.
 
 

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