A opinião de ...

Desconfinamento e paraquedistas

Exatamente um mês depois, o concelho de Bragança registou, ao final da tarde de sexta-feira, mais dois casos positivos a covid-19, o que já não acontecia desde 05 de maio. Já no domingo, mais sete resultados positivos, quatro deles vindos da região de Lisboa, a mais afetada do país, para o Nordeste Transmontano.
O desconfinamento gradual que temos vivido não pode ser desculpa para baixar a guarda. Nas últimas semanas tem havido uma série de comportamentos de risco na região, que têm sido denunciados aqui no Mensageiro, mas que tocam a todos.
Já se sabe há muito que as mobilidades são o principal aliado da disseminação alargada do vírus. Se para evitar contágios de proximidade se pede insistentemente a manutenção do distanciamento social, para impedir que o vírus se dissemine pelo país novamente pedem-se especiais contactos com as deslocações.
A reabertura de empresas com muitos trabalhadores e o consequente aumento de procura de transportes públicos tornou-se um foco de risco em Lisboa e Vale do Tejo, que congrega 90 por cento dos novos casos dos últimos dias.
Quando forem contactar com familiares provenientes das zonas mais afetadas, é conveniente manter todas as cautelas, pois já se viu que basta uma desatenção para os esforços de três meses caírem por terra em pouco tempo.
O mesmo cuidado se pede a quem viaja. Será que as deslocações são mesmo necessárias nesta fase ou um mero capricho? Não é por si, é por todos.

Há dois anos, o Grupo Desportivo de Bragança vivia um ato eleitoral histórico, pelo nível de participação que teve. Mas isso gerou, como efeito secundário, uma cisão, em muitos casos irreversível, entre sócios e grupos de sócios. Na altura, foi eleito um presidente, Milton Roque, que se apresentava com experiência no associativismo mas imberbe no futebol. O perigo dos paraquedistas ficou bem patente na sexta-feira passada, numa Assembleia Geral que contou com cerca de 30 sócios, um número muito longe dos mais de 700 que votaram na altura.
Do presidente paraquedista nem sinal, assim como de parte da equipa que o acompanhou e que se estreava nestas coisas da bola. Da direção eleita sobraram os mesmos do costume, gente de caráter que, por muito negra que esteja a situação, não se esconde nem esconde a cara.
Pelo caminho, ficaram alguns negócios ruinosos, cuja legalidade foi questionada na AG e que o Ministério Público poderá investigar. De que forma foram decididos? Por quem? A quem beneficiaram? Ao sócio de algum dos dirigentes que decidiram sem dar cavaco a uma direção? Questões que foram levantadas e cuja resposta ainda não é conhecida.
Outra garantia deixada na reunião magna do clube mais representativo da cidade e do distrito, pois é o nome de Bragança que leva pelo país, foi a de que nos últimos dois anos houve dirigentes pagos. De que forma? A troco de despesas? É por isso que se gastou tanto em combustível e deslocações numa época em que o clube até jogou na Distrital, onde as deslocações são mais curtas? Será que o clube serviu para mascarar a situação pessoal do seu presidente?
Já se sabe que enquanto há dinheiro não há problemas mas assim que o dinheiro da venda de Pizzi se esgotou, o GDB se tornou numa casa sem pão.
Estranha foi, também, a ausência das vozes mais críticas que se têm ouvido (e lido) na praça pública e redes sociais. É que é nestas ocasiões que se deve aparecer, dar a cara, questionar, não nos cafés nem nas redes sociais.
Pela situação em que está o clube, fica a certeza de que o paraquedismo é um perigo no futebol. O problema é que o GDB está numa situação em que está à mercê de novos paraquedistas, não de Mirandela, como Milton Roque, mas de outros pontos do país e do mundo. E não faltam amostras do que esse tipo de paraquedistas é capaz de fazer a clubes como o GDB…

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