A opinião de ...

Esperança para a região

Doze meses é muito tempo assim como 12 dias seria tempo a mais para se viver uma qualquer pandemia.
Mas, mais de um ano volvido e dois confinamentos gerais depois, o cansaço acumulado já é grande, sobretudo ao nível psicológico e anímico.
Por isso, na segunda-feira passada, quando se deu início a mais uma fase de desconfinamento, foi grande o corropio pelas ruas, com filas à porta de várias lojas.
Esta nova fase é um final de esperança, sobretudo para os empresários que viram a sua atividade limitada ou cancelada até aqui. Com mais um pouco de abertura, atenuam-se as perdas que se vêm acumulando.
Mas, mais do que a possibilidade de voltar a abrir as caixas registadoras, esta fase é importante porque, aliada à chegada da primavera, abre novas perspetivas de ânimo nas pessoas.
O espetro da crise continua a pairar por cima das nossas cabeças até porque as contas fazem-se no fim e, infelizmente, ainda não chegámos a essa parte. No entanto, deu-se um passo mais nesse sentido.
Sendo certo que haverá uma crise algures no curto e médio prazo e que o país passará por momentos de aperto, parece ganhar forma a convicção de que o Nordeste Transmontano será menos afetado do que outras regiões.
E isto, digo eu, por várias razões.
Pelo que já é possível ver nos balanços das empresas de 2020, hotelaria e restauração são os setores mais prejudicados.
Ora, cidades como Lisboa, Porto ou Braga (para não falar de todo o Algarve), vinham tendo um grande crescimento económico assente no turismo. Sem mobilidade, a base da economia que sustentava esse crescimento ruiu, arrastando negócios de alojamento local, hotelaria e, até, especulação imobiliária e construção.
Já o Nordeste Transmontano parece mais imune a essas oscilações pela menor dependência dos visitantes, que já eram poucos.
Para além disso, esta é uma região tradicionalmente de serviços, com grande peso do Estado e do municipalismo. Ou seja, essa franja de trabalhadores não perdeu rendimentos. E os setores mais afetados não têm um peso grande na economia local, por serem pequenos negócios familiares, que muitas vezes empregam apenas um dos cônjuges, pelo que nem todo o agregado familiar está deles dependentes (claro que há exceções).
A somar a isso, na capital de distrito o setor da saúde vem crescendo, com a ULS a proceder a contratações, havendo ainda perspetivas de mais criação de emprego com a construção do hospital privado, que já vai avançada.
E o setor da construção continua em alta, pelas razões apontadas no parágrafo anterior e pela paragem de vários anos que se verificou neste setor. Sinais de esperança para uma região habitualmente deprimida, que nos devem levar a ter confiança no futuro.

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