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Pés ao caminho

O passado domingo marcou o início do processo sinodal no seio da Igreja Católica, a pedido do Papa Francisco.
Na diocese de Bragança-Miranda, foi uma eucaristia celebrada na catedral, em Bragança, a dar início a esta fase que se quer de máxima auscultação, incluindo dos que "habitualmente não são ouvidos", como sublinhou o bispo D. José Cordeiro, ou "ouvir as margens", como dizia esta semana o Pe. Paulo Terroso, administrador do Diário do Minho.
Em entrevista à Renascença, o sacerdote, que integra a Comissão de Comunicação do Sínodo, acredita que se deu início a um processo “imparável”, em que todos contam e serão ouvidos. Mas, para dar resultado, a Igreja vai ter de sair da “zona de conforto” e incluir quem está “nas margens”.
Durante a homilia de domingo, D. José Cordeiro, sublinhou que este processo permitirá "criarmos um estilo novo de sermos Igreja".
O Papa Francisco explicou já que "Sinodalidade significa andar juntos por uma mesma estrada, momento de encontro, de diálogo, de assembleia com a finalidade de criar sintonia em torno de decisões a serem tomadas".
Ou seja, num processo em que pretende que sejam ouvidos todos, dos mais participativos aos mais afastados da vida da Igreja, o Papa Francisco espera que todos possamos tirar condições e criar uma nova Igreja, mais inclusiva e com a participação de todos, incorporando já evoluções sociais que foram ocorrendo ao longo dos anos.
Para o Papa Francisco, sinodalidade quer dizer que "todos os batizados devem ser envolvidos, ser atores e não espectadores, como no teatro, todos protagonistas, cada um no seu papel".
Portanto, este é um caminho para fazermos juntos.
Em vez de críticas avulsas nos cafés ou nas redes sociais, esta é a oportunidade para todos fazerem ouvir os seus pontos de vista e ajudar, de facto, a comunidade cristã a crescer.
Para o Pe. Paulo Terroso, diretor de Comunicação da Arquidiocese de Braga e administrador do Diário do Minho, o mais difícil vai ser “implementar o processo”, mas não tem dúvidas de que vamos viver um período “de grande transformação” na Igreja, porque apesar das previsíveis “resistências” de quem não quer perder poder, a iniciativa do Papa abriu um processo “imparável” de “auscultação das pessoas, e de as envolver” nas decisões.
D. José Cordeiro lembrou, também, as palavras do Papa: "O Papa Francisco recorda-nos bem o sentido da importância da escuta: «Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, ciente de que escutar “é mais do que ouvir”. É uma escuta recíproca, onde cada um tem algo a aprender». Queremos, portanto, escutar o que o Espírito Santo nos quer dizer, escutando-nos uns aos outros".
Por isso, o bispo de Bragança-Miranda deixou um repto na eucaristia de domingo:
"Caminhemos juntos com entusiasmo. Bom caminho!"

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