A opinião de ...

Prova de fogo

A próxima semana será o teste do algodão à forma como os transmontanos, em particular os do cantinho mais a Nordeste do país, vivem e viverão o desconfinamento provocado pela covid-19.
A partir da próxima segunda-feira, as creches deverão já receber mais crianças e muitas empresas voltarão ao ritmo normal de trabalho presencial.
Perante um vírus de ação tão prolongada (há casos de pacientes infetados há mais de dois meses que ainda continuam a testar positivo), poderemos vir a conhecer alguns casos que passaram incólumes aos testes, até porque também há registo de muitos pacientes que, apesar do teste positivo, se mantêm assintomáticos. Isto é, não desenvolveram qualquer sintoma da doença e, não fora o teste, jamais saberiam que estiveram infetados.
Por cá, a vontade de desconfinar já é grande, como se nota nos encontros de estudantes que decorreram ao longo do passado fim de semana. Mas, mais do que a vontade de socializar, há a necessidade de o fazer.
Para a generalidade das empresas, confinar é morrer. O regresso à normalidade do dia a dia será, tão só, a diferença entre sobreviver ou acabar para sempre.
Neste pacote entram, também, as associações. Há três meses que estão assembleias gerais por fazer, reuniões adiadas, o que deixa muitas coisas em suspenso. Sem planos e orçamentos aprovados, toda a atividade de 2020 fica comprometida até porque sem essas formalidades, os apoios públicos também não chegam. Para além disso, sem possibilidade de organizar eventos, afinal a razão de existência de muitas coletividades, também a sua existência fica comprometida.
Volvidos quase três meses, a vontade é, por isso, muita. E esse será um fator de risco pois quando a vontade é grande, a guarda baixa.
A esta realidade vem somar-se uma outra. Depois de um inverno particularmente chuvoso, seguiram-se dias de intenso calor, superior até ao que se fez sentir no verão passado e isto quando ainda vamos a meio da primavera.
Com o combustível a crescer de forma exponencial na natureza e as atenções dos governantes concentradas no combate à doença e aos problemas económicos daí decorrentes, pouco se tem falado do verão que aí virá.
Com as pessoas impedidas de se deslocarem – até de sair de casa – muitos matos ficaram por limpar.
Misturando os dois ingredientes num mesmo caldeirão resulta uma mistura que tem tudo para ser explosiva.
Daí que o desconfinamento a que se assistir em junho ditará muito do que será o nosso verão. Porque no outono já será outra conversa...
Para já, o distrito de Bragança, como se pode ler nas páginas anteriores, teve um mês de maio de grande controlo sobre a pandemia. Cabe-nos a nós, com bom senso e responsabilidade, manter esta toada para que a normalidade regresse o mais depressa possível. É o que todos ansiamos.

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