A opinião de ...

Segunda vaga

“Como uma onda no mar”, cantavam os Pólo Norte. É assim o tempo em que vivemos, como uma onda no mar, uma atrás da outra.
Depois de uma vaga inicial assustadora (mais do que devastadora), a pandemia instalou-se nas nossas vidas, e o vírus recuou na intensidade. Tal como previsto.
Os meses de verão serviram para transmitir a muitos de nós aquela falsa sensação de segurança de que tanto se falava nas primeiras semanas de pandemia.
Durante meses, as unidades hospitalares da região prepararam-se com material, a população preparou-se mentalmente para enfrentar o desafio, fizeram-se máscaras, campanhas de solidariedade, confinou-se.
O tempo passou e o sol do verão trouxe a acalmia que, diz o povo, antecede a tempestade.
A chegada do outono tem trazido aquilo que há meses se esperava e que inúmeras vezes o escrevemos aqui, o aumento exponencial de casos positivos.
As mudanças de temperatura, o reinício das aulas, o final de férias e as viagens correspondentes formaram o cocktail perfeito para o cenário a que se assiste, com o número de novos casos a disparar neste mês de setembro.
Que o vírus iria ganhar força já todos tínhamos percebido. Falta perceber é que lições é que aprendemos com o que passámos nos meses anteriores e com o confinamento.
Aparentemente, poucas.
Tal como explicava a Delegada Regional de Saúde, Inácia Rosa, na entrevista exclusiva que o Mensageiro publicou na semana passada, grande parte dos novos contágios acontecem em contexto social. Ou seja, pela convivência sem observância das novas regras de segurança.
É inevitável que o vírus chegue às nossas escolas, às nossas IPSS. Mas, pelo que se vai vendo pelas redes sociais, muitos ainda não perceberam o peso da responsabilidade que têm, mesmo fora dos locais de trabalho, quando estes são de particular risco.
Ajuntamentos, caminhadas em grupo sem máscara, jantares de confraternização, são aspetos de uma vida passada que não se compagina com a realidade atual. Cabe-nos perceber isso e a importância de termos paciência agora para desfrutar no futuro.
A muitas instituições e organizações falta, também, perceber o que mudou e o que mudar. Sob pena de o descalabro ser grande e com vidas humanas em jogo.

Também nas redes sociais surgem, como de costume, oportunistas. Nos últimos dias foi recuperada uma página criada no início da pandemia por alguém com objetivos pouco claros. À base de títulos sensacionalistas, falsos como uma nota de 75 euros, pejada de erros ortográficos, convida os mais incautos a registarem-se com os dados de acesso às suas contas nas redes sociais. O objetivo último não será outro que não o roubo das contas.
Para informação séria e a sério, procure a chancela do Mensageiro de Bragança.

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