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Seminários maiores, que futuro?

A diocese de Vila Real celebrou esta semana os cinquenta anos da permanência dos seus seminaristas no Seminário Maior do Porto. Um acontecimento único, porventura, no contexto nacional. Esta longevidade dever-se-á também ao facto de a diocese ter sempre disponibilizado um sacerdote para integrar a equipa formadora.
Em igual período, os seminaristas maiores de Bragança-Miranda passaram por mais de uma dezena de seminários. A primeira saída foi para o seminário Conciliar de Braga, em 1968, onde estiveram apenas um ano, regressando novamente a Bragança. Entretanto, um seminarista – o agora monsenhor Adelino Paes – foi enviado para o Seminário dos Olivais, em 1969, devido ao compromisso que os bispos assumiram de mandar alunos para Lisboa com a finalidade de abrir a faculdade de Teologia na Universidade Católica.
Com a fundação do Instituto de Ciências Humanas e Teológicas  – ICHT no Porto, os seminaristas maiores de Bragança foram então para ali enviados, até ao ano letivo de 1975-76, no qual Bragança não teve seminaristas maiores. Depois foram enviados para Lisboa, passando por Almada e pelos Olivais. Regressaram ao Porto nos anos oitenta, onde permaneceram até 2004.
Entretanto, alguns passaram também pelo seminário de Ermesinde, por Évora e por Lamego. Chegou-se a uma situação em que os seminaristas maiores da diocese de Bragança-Miranda estavam dispersos por casas paroquiais da diocese do Porto, ou com a família e ainda alguns no Seminário dos Redentoristas, em Gaia. O número de seminaristas nesta situação era superior aos que residiam no seminário Maior do Porto, por imposição deste.
Foi então que se decidiu reuni-los a todos no Seminário de Viseu. Com o encerramento do Instituto Superior de Teologia de Viseu, em 2014, criou-se um “seminário interdiocesano”, composto pelas dioceses de Viseu, Guarda, Lamego e Bragança-Miranda, que se encontra em Braga. Regressaram assim os nossos seminaristas a Braga, ainda que noutro contexto de Seminário. Toda esta itinerância terá tido os seus efeitos, uns mais positivos e outros bem funestos, no presbitério da diocese.
O ideal seria que o Seminário Maior nunca tivesse saído de Bragança. Nessa altura a diocese, como quase todas no país, não tinha, como não tem hoje, um número de alunos suficientes que justificasse o investimento numa escola teológica. Hoje, graças à evolução tecnológica, já é possível – assim o queira a Universidade Católica –ter o ensino da Teologia à distância, sem que os seminaristas precisem de abandonar o contexto pastoral para que estão a ser formados. Hoje é possível um aluno em Bragança, ou até mesmo em Cabo Verde ou em Timor, intervir numa aula que decorra em Lisboa, no Porto ou em Braga.
Esta solução exigiria que em cada diocese houvesse, não um grande número de formadores, mas uma pequena equipa de padres vocacionados para essa nobre missão de acompanhar os seminaristas maiores. Seria essa equipa a garantir, para além da sua formação teológica, o seu desenvolvimento humano e espiritual, bem como eclesial e pastoral.

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