A opinião de ...

O Anúncio do Evangelho

 
(meditação de textos da Exortação “A alegria do Evangelho -5)
“A evangelização é dever da Igreja. Este sujeito da evangelização, porém, é mais do que uma instituição orgânica e hierárquica; é, antes de tudo, um povo que peregrina para Deus. Trata-se certamente de um mistério que mergulha as raízes na Trindade, mas tem a sua concretização histórica num povo peregrino e evangelizador, que sempre transcende toda a necessária expressão institucional. Proponho que nos detenhamos um pouco nesta forma de compreender a Igreja, que tem o seu fundamento último na iniciativa livre e gratuita de Deus (111). “A salvação, que Deus nos oferece, é obra da sua misericórdia. Não há acção humana, por melhor que seja, que nos faça merecer tão grande dom. Por pura graça, Deus atrai-nos para nos unir a si1. Envia o seu Espírito aos nossos corações, para nos fazer seus filhos, para nos transformar e tornar capazes de responder com a nossa vida ao seu amor. A Igreja é enviada por Jesus Cristo como sacramento da salvação oferecida por Deus2. (112)
1º Raízes trinitárias. O mistério da evangelização, mistério de um povo que peregrina para Deus, tem as suas raízes no amor trinitário, amor uno e trino, donde veio o Verbo do Pai, que encarnou no seio da Virgem. Este amor, este povo, ultrapassa a instituição orgânica e hierárquica. Tudo tem origem no amor do Pai que enviou seu Filho para salvar e remir o mundo, que nos mergulhou na vida divina e no amor trinitário. Tudo tem origem na iniciativa livre e gratuita de Deus, que na sua misericórdia veio até nós, qual Pastor que Se debruça sobre a humanidade doente, tresmalhada, perdida, sem luz e sem amor. Jesus enviado, Jesus Salvador, Jesus Emanuel, Jesus peregrino deu-Se todo, sem reservas, foi tudo para todos, no amor até à cruz, na misericórdia com pecadores, na compaixão com doentes, anunciando a Palavra, pregando o Reino, instituindo a Igreja, dando os sacramentos, fazendo-nos participar na sua ressurreição, deixando-nos seu Coração aberto, fonte de vida e de graça, de santidade e de amor.
2º Por pura graça. “Não há acção humana, por melhor que seja, que nos faça merecer tão grande dom”, a graça da salvação. Por pura graça, Deus atrai-nos para nos unir a Si. E continua, como afirmou Bento XVI, a ser um mendigo que quer e pede nossa amizade, nosso amor, nosso tempo, nosso coração. Tem “sede de nós” pela loucura do seu amor sempre apaixonado por cada homem e cada mulher. Para que esta maravilha se realize envia o Espírito aos nossos corações, para nos fazer seus filhos e nos dar a graça de corresponder com a nossa vida ao seu amor infinito. Este Espírito, fonte de santidade, de graça e de evangelização, nos lança a anunciar o Evangelho de Jesus, nos quer ajudar a anunciar com todas as forças da alma o próprio Jesus, Salvador e Redentor, Caminho, Verdade e Vida, Sacerdote e Vítima, Amigo de pecadores, Pão Vivo descido do Céu, verdadeiro Bom Samaritano, Rei e Senhor do Universo. Fazer de Jesus a vida das nossas vidas para O podermos anunciar com audácia e com paixão.
3º A Igreja enviada. O Pai enviou Jesus, sua Palavra, seu Verbo, seu Filho. Jesus, após o seu mistério pascal vivido em amor pleno, envia a Igreja. Esta é essencialmente missionária, evangelizadora. “Ide por todo o mundo” é o mandato do Esposo que deseja salvar a todos. A Igreja é sacramento de salvação oferecida pelo amor de Deus uno e trino. Esposa nascida na Ceia, nascida do lado aberto na Cruz, nascida no Pentecostes, é enviada a ensinar, a santificar, a pastorear, a dar a conhecer Jesus. Cada um de nós, inseridos nesta Igreja, é um baptizado enviado em permanente missão.

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