Nordeste Transmontano

Lista opositora tenta travar ato eleitoral de hoje com providência cautelar para travar ato eleitora

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2022-02-10 08:32

É um novo capítulo na polémica em torno das eleições para os órgãos sociais da Caixa de Crédito Agrícola do Alto Douro (distritos de Bragança e Vila Real).
Agora, a candidatura subscrita por 883 associados avançou com uma nova providência cautelar para tentar travar o processo eleitoral agendado para esta quinta-feira, alegando que entre a Comissão de Avaliação e a Mesa da Assembleia Geral e sob orientação da atual Administração, foi gerada aquilo que classificam uma fraude eleitoral.

Disso mesmo deram conta, na terça-feira, em conferência de imprensa, em Mirandela.

Em causa, segundo esta candidatura, está o facto de a comissão de avaliação, que tem a seu cargo a avaliação de adequação das candidaturas ao ato eleitoral, “tudo ter feito para garantir a rejeição da nossa candidatura procedendo a avaliações subjetivas e sem fundamentação, e ao mesmo tempo contestar a aceitação ilegal da lista da atual administração que integra elementos que não reúnem os requisitos de idoneidade, nem de competência nem experiência”, adianta Jorge Nunes, um dos representantes da candidatura.

O antigo presidente da câmara de Bragança lembra que esta comissão foi nomeada pelo atual Conselho de Administração, cujos elementos são novamente candidatos às eleições, pelo que entende existir aqui “um claro conflito de interesses”.

Jorge Nunes acrescenta que esta comissão de avaliação “criou uma barreira de proteção que mais não é do que um exercício de uma fraude eleitoral, que nenhuma candidatura conseguirá vencer, ainda que com habilitações e experiência superiores à lista da atual Administração, em que dois dos seus elementos não passaram por qualquer avaliação porque foram cooptados e o atual Presidente foi considerado pela anterior Comissão de Avaliação como não adequado, por não reunir as condições necessárias para o exercício do cargo”.

Também Nuno Paulo de Oliveira, outro representante desta candidatura, diz que esta situação é um autêntico escândalo. “Não nos podemos esquecer que a única lista admitida por esta administração ao processo eleitoral é constituída pela própria administração que está a ser investigada no âmbito do processo Miríade, que tem a ver com o comércio ilegal de diamantes e com o branqueamento de capitais, em que um dos membros é arguido. Isto não é possível de ser um elemento subjetivo na avaliação”, adianta.
Por outro lado, “a postura da caixa central tem sido de parcialidade porque, por um lado, diz que a competência da condução do processo eleitoral é da caixa central do alto douro, mas por outro lado apoia e dá cobertura, através da sua comissão de avaliação e da sua direção jurídica, à atual administração e ao próprio presidente da assembleia-geral, permitindo um processo eleitoral fraudulento”.

A candidatura interpôs, no passado dia 10 de janeiro, no tribunal de Bragança, uma providência cautelar de suspensão de deliberações sociais tomadas pela comissão de avaliação e da assembleia-geral. Segundo Moura Alves, representante desta lista, “enquanto não houver uma decisão em primeira instância não é lícito realizar as eleições”. Ainda assim, admite que já nada o surpreende. “Não me admirava nada, que apesar destas consequências legais, o ato eleitoral aconteça, porque estamos perante pessoas que se sentem à vontade para governarem a caixa agrícola como bem entendem, e não têm problemas em classificar os elementos desta lista como pistoleiros. Mas, ao contrário deles não somos gangsters”, afirma.

Esta candidatura subscrita por 883 associados da Caixa Agrícola do Alto Douro garante que vai acatar qualquer que seja a decisão do tribunal sobre a providência cautelar.

Resta saber se o ato eleitoral para os órgãos sociais daquela instituição bancária vai mesmo acontecer esta quinta-feira à tarde no Pavilhão do Nerba, em Bragança.

O Mensageiro aguarda ainda uma reação por parte da lista proposta pela atual administração. Contudo, em declarações ao Mensageiro no passado mês de dezembro, quando se realizou a primeira Assembleia Geral, o presidente Paulo Pinto garantiu que a documentação foi disponibilizada aos associados "de acordo com os prazos previstos nos estatutos".

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