Mirandela

Ministra da Coesão Territorial assume dificuldade em implementar o plano de mobilidade do Tua

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2021-12-16 14:56
Está tudo na mesma, continua sem entrar nos carris o plano de mobilidade do Tua e não tem data para ser implementado. Isso mesmo assumiu, ontem, em Mirandela, a Ministra da Coesão Territorial sobre o dossier da principal medida compensatória pela construção da barragem de Foz-Tua, por parte da EDP.
 
Ana Abrunhosa foi confrontada com as suas declarações há um ano, também numa visita a Mirandela em que deixou a garantia que estaria para breve a implementação do plano de mobilidade. Agora, reconhece que está tudo igual. “Quer o Ministério da Coesão Territorial, quer o Ministério das Infraestruturas já estão completamente acertados, mas atrasou-se o processo e o facto de não termos orçamento leva a que, infelizmente, a solução do problema transite para o próximo Governo”, afirma a governante.
 
Ana Abrunhosa lamenta o sucedido. ”Gostaria de dizer que é já um projeto turístico em andamento, infelizmente não é, teve problemas no meio e esses problemas foram acentuados com a não aprovação do Orçamento. Posso dizer que continuaremos muito empenhados na resolução deste problema, o mais rapidamente possível. Sinto o desespero dos autarcas e do território”, acrescenta.
 
Há mais de 17 meses que já foram concluídas as obras de estabilização dos taludes e reabilitação da linha ferroviária do Tua, entre Brunheda e Mirandela, obras consideradas fundamentais para a implementação do plano de mobilidade que espera, há cerca de cinco anos, para receber luz verde para ser implementado, ilustrativo da complexidade burocrática dos processos, envolvendo, neste caso, entidades regionais e nacionais, públicas e privadas, desde a CP, Infraestruturas de Portugal, Instituto da Mobilidade Terrestre, a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua - que integra os Municípios de Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alijó e Murça - e a EDP.
 
Perante esta morosidade, já no início deste ano, Mário Ferreira, operador a quem foi entregue a concessão da mobilidade no Tua, terá manifestado aos autarcas que estava cansado.
 
Até ao momento já foram investidos cerca de 16 milhões de euros em obras, infraestruturas e equipamento.
 
Em causa está a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz-Tua, que já está em funcionamento, e que deixou submersos 23 quilómetros da linha férrea centenária do Tua e suspendeu a circulação nos restantes 36 quilómetros onde o comboio devia regressar.
 
O sistema de mobilidade prevê um trajeto composto pelos percursos que estabelecem a ligação entre a Estação Ferroviária do Tua e Mirandela, combinando o troço rodoviário entre o Tua e a Barragem, num percurso de cerca de 4 kms, efetuado em autocarro.
 
Há depois o troço fluvial de 19 Kms, entre o cais da Barragem e o cais de Brunheda, onde já está atracado, há mais de 3 anos, o barco rabelo.
Finalmente, o troço ferroviário de 36 Kms, entre Brunheda e a estação de Mirandela, onde já está, desde agosto de 2017, o comboio adquirido pelo operador.
Complexo do Cachão.
 
Já quanto ao plano de revitalização do complexo agro-industrial do Cachão, Ana Abrunhosa entende que tem todas as condições para ser apoiado pelo Portugal 2030, mas que é um trabalho que está a ser desenvolvido numa parceria entre os autarcas e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
“Estamos a falar de uma infraestrutura gigantesca, a começar a trabalhar ali um projeto para o território, nos moldes que foram apresentados. A pandemia mostrou-nos a importância de continuarmos a investir mais nestes sectores [agricultura e agro-alimentar] e de sermos cada vez mais auto-suficientes nestes setores e isso só se faz com pessoas qualificadas e o Cachão pode ser uma oportunidade de termos ali uma infraestrutura dedicada a este objetivo”, afirma.
 
Declarações da Ministra da Coesão Territorial, ontem, à margem de uma visita a quatro empresas de Mirandela apoiadas pelo quadro comunitário Norte 2020. Ana Abrunhosa diz que são bons exemplos de empregabilidade, inovação tecnológica e captação de recursos humanos altamente qualificados.

Assinaturas MDB