A opinião de ...

A Diabolização do Subcomissário Filipe Silva

O final da tarde do dia 17 de Maio de 2015, em Guimarães, que devia ser de celebração para os benfiquistas, pela merecida conquista do bicampeonato, deu naquilo que o país assistiu, até à exaustão, através das imagens televisivas: um Subcomissário do Corpo de Intervenção da PSP, usando a força “desproporcionada”, agrediu à bastonada um cidadão à saída do estádio D. Afonso Henriques, palco do escaldante Guimarães – Benfica.
Ainda que partilhe o sentimento da turba em relação à qualificação do acto, estou longe de me associar a ela no que diz respeito ao julgamento na praça pública do agente de autoridade em causa, como se estivéssemos perante um monstro. Cobardemente, porque, de forma anónima, muitos dos utilizadores das redes sociais, picados pelo sensacionalismo incendiário de alguma comunicação social, fizeram questão de demonstrar o ódio que sentem pela Polícia, um sentimento levado ao extremo, doentio, ao declararem “morte aos bófias”
Sem dúvida que aquela tarde/noite, pela intensa carga dramática vivida, poderia muito bem servir de argumento ao melhor filme de aventura: O subcomissário Filipe Silva é o vilão, personificando o Mal. O polícia que protegeu a criança da chocante cena é o herói improvável. A Direcção do SLB, na pessoa do seu presidente, assume o papel de herói justiceiro, que, querendo ficar bem na fotografia, num misto de provocação e populismo, convidou as duas crianças a assistir ao jogo de consagração e consequente momento mágico da entrega do troféu.  
Como não uso farda nem tenho ninguém na família que tenha seguido a carreira militar, julgo ter o distanciamento emocional para me pronunciar sobre o assunto; aproveitando, assim, para aconselhar aquela mãe que, perante o microfone dum dado canal de televisão, em contexto de reportagem de rua, instada a pronunciar-se sobre o tema, dizia ter dificuldade em explicar ao filho, em idade pré -  escolar, se devia confiar ou não na Polícia, quando o que lhe havia sido transmitido em casa era o oposto do que tinha visto nas imagens televisivas.


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