A opinião de ...

Incongruências

Ainda está bem patente na memória dos brigantinos aquela noite em que, no governo de Cavaco Silva, as carruagens do comboio que servia o Nordeste Transmontanos foram carregadas e levadas a coberto da escuridão.
Durante anos, a aposta nacional foi no alcatrão das autoestradas, pondo de lado qualquer outra forma de mobilidade.
Enquanto isso, aqui ao lado, Espanha apostava nas duas, autoestradas e comboios.
Agora, volvidas décadas, Portugal, de repente, parece ter acordado e os projetos ferroviários parecem brotar como cogumelos.
Ao ponto de até já se incluir uma linha entre Porto e Bragança num tal de Plano Ferroviário Nacional, que mais não é do que um plano de (boas) intenções.
Quer dizer, durante anos levaram-se comboios, arrancaram-se carris e, agora, afinal, o caminho de ferro é que é bom?
E que alteração haverá no projeto, que foi falhado nos anos 80 (comercialmente, a exploração da linha não funcionou), para, agora, de repente, ser viável num território sem gente (e sem clientes)?
A ligação a Espanha e à sua rede de alta velocidade? Ok, poderia ser uma ideia... mas alguém acredita?
Os nossos vizinhos já têm uma linha entre Vigo e a sua capital (e o resto do país e Europa a partir daí). Em Vigo existe um dos maiores portos espanhóis. Portanto, qual seria a motivação do Governo aqui do lado para gastar uns milhões em fazer o jeito aos portugueses e construir uma ligação de 100 quilómetros entre Zamora e o lado de cá da fronteira, que só serve os nossos interesses e até colide com os deles?
Qual a necessidade de atirar areia para os olhos dos portugueses? Pois...

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3911

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