A opinião de ...

2024 - O ano de todas as eleições possíveis e imagináveis

De acordo com o período eleitoral que estamos a passar, (mais um !), começo este texto lembrando algumas palavras da língua portuguesa derivadas do radical latino “eligere”, como eleger, eleições, eleiçoeiro, “eleiçopatia”e eleiçomanía,as quais, conforme os casos, tanto podme significar a escolha responsável, livre e democrática, por meio do voto, dos mais altos responsáveis pelo governo dos povos, como dos dirigentes dum pequeno clube desportivo de bairro, ou duma pequena associação defensora dos direitos das plantas e dos animais.
É incompreensível que, depois de meio século de democracia, um país como Portugal, a única coisa em que continua a destacar-se, e perdoem-me a expressão, é na teimosia atávica “de andar sempre com as calças na mão”, e na obsessão doentia de transformar “o nacional porreirismo” num “modus Vivendi” sem sentido e sem futuro, opções que, em meia dúzia de anos, cantando e rindo e sem ninguém que se preocupasse com isso, acabaram por atirar com ele para a cauda da Europa donde, se não arredar caminho rapidamente, tarde ou nunca sairá.
Para já, era urgente banir de vez teorias como a do “não te rales que depois logo se verá” e do “salve-se quem puder e quem vier depois que feche a porta”, antes que se transformem em doenças crónicas, na imagem de marca do país e terreno fértil para todos os esquemas, habilidades, subterfúgios, negócios escuros, nepotismo e corrupção generalizada, evitando assim que o país continue a ser sugado pelas habilidades de todos quantos, impune e despudoradamente, aproveitando-se das fragilidades do sistema, continuem a capitalizar em proveito próprio todas as grandes oportunidades que lhes passam à porta, para depois lavar as mãos como Pilatos e sair pela esquerda baixa, abandonando à sua sorte o que resta desta espécie de país sem futuro que se recomende, onde nada funciona bem e a qualidade de vida cai a pique a cada dia que passa.
É neste contexto socioeconómico sufocante, que um enorme número de pessoas, descrentes de tudo e de si próprias, depois de no último ato eleitoral, ter dado uma maioria absoluta a um partido que se apresentara como salvador da pátria, mas que, por não ser capaz de aguentar essa mentira para além de metade do mandato se demitiu, se vê de novo confrontado com a obrigação de votar em março, sem que ninguém, honestamente, lhe explique porque votar já outra vez e, principalmente, votar em quem e para quê.
Durante a próxima campanha eleitoral, têm a palavra os novos candidatos a deputados, dos quais se espera que, para não engrossarem a chusma dos eleiçomaníacos e dos eleiçopatas, se lembrem que democracia não deve ser só isto, as eleições não são para isto e, especialmente, que a paciência das pessoas também tem limites.
Depois não digam que não sabiam…

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